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quinta-feira, 1 de julho de 2021

Genevieve 65

Antes de ir dormir, deixava a cozinha brilhando, quando acordava de manhã muito cedo, estava um lixo, parecia um chiqueiro, porque os netos da senhora voltavam da faculdade tarde da noite e faziam aquela bagunça, não eram eles que limpavam, então, que a pequena esfomeada como chamavam ela, se danasse. Um dia após o almoço quando nada sobrou limpo que ela pudesse se alimentar, saciar sua fome, pediu à senhora que chamasse a assistente social porque precisava conversar com a mulher, representante do estado, dos direitos humanos. Surpresa a senhora perguntou o que ela queria conversar e cheia de coragem, respondeu que era particular. Por pouco não levou uma bofetada, a mão até espalmou, mas a mulher se conteve. Apenas a fulminou com olhar e imediatamente pegou o telefone, atendendo ao pedido da menina franzina que nada mais era que sua empregadinha doméstica a custo zero. 

Alguns dias depois a assistente social apareceu brava e xingando Genevieve, nem perguntou o que ela queria, já foi ofendendo, dizendo que gente como ela merecia sofrer mesmo, que estava numa casa daquelas e não era agradecida, que comia do bom e do melhor, que dormia confortável, que tinha roupas e calçados e nada disso sabia reconhecer. Mal sabia ela que durante o tempo que a menina ficou ali, ganhou um chinelo maior que os pés dela e uma pasta de dentes, escovava os dentes com os dedos, porque a escova era caríssima e não puderam dar uma pra empregada custo zero. Sem querer saber das razões que a menina pediu para chama-la a fez entrar no carro e a levou embora, no caminho achando que estava sendo levada à casa de seus primos, ainda escutou muitos absurdos que os ouvidos de uma criança deveriam ser poupados.


domingo, 27 de junho de 2021

Genevieve 64

O horário para uma menina de 11 anos, levantar e limpar aquela casa enorme sozinha, quatro da manhã, sim quatro horas da manhã. Mas como acordaria nesse horário? Sempre pudera dormir até às 7h00 mesmo na casa da mãe que era ruim. Ficou preocupada em como acordaria e nem conseguiu dormir, ficou lendo um livro que achou no quartinho bonitinho. Na madrugada, ainda escuro a pequena estava pronta para realizar a sua lista enorme de serviços, o primeiro da lista era lavar a escadaria de mármore branca com palha de aço e sapólio, combinação que corria a ponta dos dedos, já que não podia e tinha luvas para usar. Ariou toda aquela escadaria que estava bem suja e foi dando sequencia à lista interminável, a hora do café da manhã não chegava nunca. Estava faminta! Quando finalmente pode sentar no cantinho da cozinha, de novo eram os restos que estavam reservados a ela. Nesse momento ela entendeu o significado de revolta, se revoltou com aquela senhora sovina e mesquinha, tinha tanto e oferecia tão pouco. 

Passaram alguns dias e nada de escola, então, educadamente perguntou à senhora sobre quando poderia ir à escola e recebeu uma resposta grosseira e estúpida, iria quando conseguisse concluir todo o serviço até o horário da escola. Como faria isso? Tinha que limpar a cozinha, lavar aquela quantidade absurda de louças depois do almoço, quando iria à escola, à noite? Até iria, mas a série que estava estudando não tinha nesse período. Desesperou-se, sentiu-se profundamente enganada. Estava farta de trabalhar como empregada sem ganhar nada, nem comida decente podia comer só os restos dos membros daquela família medíocre e covarde. 


Genevieve 63

Quando enfim terminou todo aquele trabalho e foi tomar um desejado café, numa mesinha no canto da cozinha, a senhora lhe mostrou o que poderia comer, ficou muito surpresa! Nada do que estava servido na grande mesa, estava ali disponível para ela, ao contrário, tinha pedaços de pães velhos e secos e nada para passar, café requentado, ela conhecia bem esse gosto porque tomava na casa de sua mãe e conhecia o café novinho, passadinho na hora, como era na casa de vó Ana e na casa dos primos e da madrinha, e ela amava esse café novinho, por outro lado, café requentado era horrível, tinha gosto de água suja e ela conhecia esse gosto, porque tomava no sítio algumas vezes. 

Nada tomou e nada comeu, a senhora percebendo que a menina era “enjoada”, avisou que se quisesse comer era aquilo ali, porque só teria comida no outro dia no café da manhã. Pensou: outra vez vão regular comida prá mim? Que horrível era isso! Na casa de su a mãe até entendia porque tinha pouco e as vezes, não tinha nada mesmo. Mas ali? Naquela mansão? Renegarem comida? Misericórdia! Comeu um pedaço de pão que já parecia ter sido mordido, sentiu nojo, pois pareciam restos. Essa situação a fez lembrar do sítio e dos restos que aquela empregada má deixava à ela e à dona Paulina. Era estranho como algumas coisas se repetiam na vida dela. Antes de dormir sua acolhedora a chamou e mostrou uma lista de tarefas que ela deveria realizar no dia seguinte, bem como, o horário que deveria acordar para dar conta de tudo, com tom sarcástico, falou que duvidava que ela conseguisse dar conta de todo o serviço. Foi esse olhar desconfiado que Genevieve percebeu quando foi medida dos pés à cabeça.


Genevieve 62

Logo a assistente social estacionou o carro na frente de uma bela casa no centro da cidade, com escadarias em mármore branco, enorme, parecia um palácio. Desceram do carro e a campanhia foi tocada, em seguida a porta da frente se abriu e uma senhora muito alegou surgiu, cumprimentando a mulher como se já se conhecessem. A menina foi apresentada à senhora que a mediu de cima em baixo, olhando-a com certo receio, naquele momento, esse olhar não foi compreendido, mas sim, foi um olhar de desconfiança. A assistente social foi embora e se despediu da menina friamente, apenas recomendando que se comportasse e obedecesse ou voltaria à Fucabem. Isso com certeza a pequena não queria, mas sentia que ali não ficaria muito tempo, sentia calafrios no corpo dentro daquela casa imensa, bem como, com o olhar gelado daquela senhora que a chamou para conhecer a casa e por último a levou até o pequeno quarto onde dormiria, era um quartinho pequeno, mas muito bonitinho. 

A senhora questionou sobre roupas, calçados, pertences pessoais e a menina mostrou a roupa que vestia e mais uma muda e um tênis que calçava. Reclamou de como ela ficaria sem roupas quentes no inverno que se aproximava. Era hora do café da tarde e uma mesa enorme estava posta, Genevieve achou sinceramente que seria convidada a sentar-se, mas não! Foi levada à cozinha e apresentada a uma enorme pia cheia de louças ainda do almoço, onde lhe foi ordenado que lavasse e organizasse tudo, depois tomaria café. Aquela sensação de aperto e sufoco no peito começava a fazer sentido. Lavou toda aquela louça, muitas panelas que precisavam ser ariadas com palha de aço, limpou fogão repleto de gordura, esfregou o chão que era claro e estava bem encardido de sujeira, parecia não ser limpo há tempos. 


quinta-feira, 24 de junho de 2021

Genevieve 61

Para não correr o risco de novamente perder suas coisas, pediu a madrinha para que ficassem guardadas em sua casa, acreditava que em breve voltaria... a mulher consentiu e lhe abraçou com força, prometendo que sempre estaria ali lhe esperando e quando voltasse, faria muitos outros vestidos lindos. Levou mais uma muda de roupas, além das que vestia. Como foi prometido que continuaria os estudos, em outra escola, levou seus materiais escolares. Em meio a tantas lágrimas, a menina sorriu e agradeceu, sabia que seria mesmo assim. Despediu de todos carinhosamente e do padrinho, ganhou um longo abraço, ele falou em seus ouvidos o quanto a amava, onde ele estivesse estaria pensando e emanando bons sentimentos e bons pensamentos a ela. Agradeceu e de novo, seu coração sentiu paz. Nesse momento, Genevieve entendeu o significado de Gratidão. 

A menina puxada pela mão pela assistente social chegou à instituição onde ficaria. Chamava Fucabem, era um lugar escuro, triste, feio, fétido, inóspito, meninas mal vestidas, jogadas pelos cantos, outras fumando, outras brigando, outras simplesmente desoladas  e desanimadaspor estarem ali abandonadas, ou pelos pais, ou pelos namorados, alguém as abandonou naquele lugar sem esperança e foi isso o que a assistente social pensou e disse: - Nesse lugar não tem como você ficar, vou te levar para uma casa de família. Lá poderá ir à escola e ser educada e bem tratada. Foi até a administração do lugar, preencheu alguns documentos, fez uma ligação telefônica e informou que levaria aquela menina a uma casa de acolhimento, ali não poderia ficar, pois se perderia como as que ali estavam. Genevieve não soube descrever a sensação que sentiu ante o fato de ir prá essa casa, mas foi uma sensação ruim, seu peito apertou e sempre que isso acontecia, era algo avisando que coisas ruins estavam por vir...


Genevieve 60

Todos prontos e lindos, foram à festa, se divertiram, riram, brincaram, comeram delícias, foi um dia marcante na vida daquela menina, que estava se tornando uma adulta, muito antes da hora. O padrinho sabia que não seria fácil para ela ficar na instituição, na verdade nem era lugar para uma menina como ela, a maioria das meninas que estava lá eram de rua, mães solteiras, usuárias de drogas, enfim, completamente diferentes de Genevieve que era doce, meiga e ingênua. Procurou novamente seu advogado para ver se poderia mudar a decisão da juíza e a menina aguardar o processo em sua casa, com seus filhos, mas nenhuma argumentação demoveu a decisão da jurista, infelizmente. Esse homem lamentou profundamente essa situação. Era um homem de fé, acredita no poder de Deus e entregou em suas mãos o destino da afilhada. Nos dias que se seguiram, procurou distrair e alegrar sua protegida para que sentisse menos os efeitos do que viria pela frente. 

No dia determinado pela justiça, a assistente social com cara de poucos amigos, chegou para buscar a menina. Assim que colocou os olhos nela, sentiu pena da criança e comentou com o homem, dizendo que para onde ela ia, certamente não era um bom lugar e que não compreendia essas decisões tão arbitrárias, mas como só cumpria ordens, estava ali para isso. Foi um momento muito sofrido para todos, Genevieve chorou copiosamente, seu coração doía demais e mal conseguia respirar, parecia que ia morrer de tanta tristeza, viu nos olhos dos primos, das primas, da madrinha, do padrinho e até da mulher que viera lhe buscar, a tristeza estampada claramente. Sentiu o amor e afeição daquelas pessoas e sentiu conformo, como se uma força estranha a envolvesse e a fortalecesse, sabendo que momentos difíceis, viriam mas passariam como todos os outros que vieram e se foram, tinha seus anjos, tinha Deus, tinha vó Ana que rezava por ela. 



terça-feira, 22 de junho de 2021

Genevieve 59

O irmão pode ver nos olhar frio de satisfação por ela não poder ficar onde estava feliz, estudando, sendo bem cuidada. Ele ficava assustado com a atitude dessa pobre mulher, sabia que colheria frutos podres e amargos, já que só plantava sementes ruins, maldade. Era uma mulher instruída, fora bem educada, seus pais cuidaram e amaram seus filhos igualmente, não entendia por quê ela era tão má com essa filha especialmente. Tantas vezes perguntou, mas ela desconversava e dizia apenas que odiava o pai dela. Nesse caso a menina, nada tinha a ver com a relação torpe deles. Ela sabia que aquele homem era problema e mesmo assim, se envolveu. 

Sentindo uma tristeza imensa, chegou em casa e informou a menina sobre a decisão ridícula da justiça de coloca-la num lugar estranho do que deixar com a família. Dentro de alguns dias, uma assistente social, viria busca-la. Nesses dias que ficaria ali, seu amado padrinho, tirou uns dias de folga do trabalho para dedicar à afilhada. Numa cidade próxima, tinha festa com muitas atrações e comidas típicas, danças e apresentações de artistas da região. Combinou com todos para participarem da tal festa, pediu a mãe de seus adoráveis filhos que fizesse um lindo vestido para sua pequena afilhada, o qual ela fez com todo seu amor e capricho, ficou lindo. O bom homem levou a menina a uma loja de calçados e pediu que escolhesse um para ir à festa e ela já demonstrando seu bom gosto, escolheu um que combinasse perfeitamente com seu vestido. Foi maravilhoso, sair fazer compras e poder escolher o que quisesse, esse padrinho era mesmo um anjo. Nesse momento ela entendeu o significado de satisfação. 


segunda-feira, 21 de junho de 2021

Genevieve 58

No outro dia o homem voltou e então o padrinho estava para receber e saber do que se tratava, e como não era surpresa para ele, era uma intimação sobre a guarda da afilhada. Sua irmã não queria cuidar e amar os filhos, mas sua ruindade era tamanha que quando alguém queria fazer isso, ela usava seus direitos de mãe e atrapalhava a vida deles, interferindo, se fazendo de vítima, de coitada, da pobre mãe que quer ficar com seus filhos. Seu irmão odiava essa faceta da irmã e prometeu que dessa vez seria diferente, lutaria pela afilhada que aprendera a amar como uma de suas filhas. Era uma menina doce, carinhosa, educada, inteligente, caprichosa, estudiosa, merecia um lugar onde fosse amada e respeitada.

O padrinho João entrou em contato com seu advogado, expôs e situação e no dia, hora e lugar marcados, lá estava o homem que cumpria suas obrigações como bom cidadão que era. Iniciada a audiência, ambas as partes foram ouvidas, a mãe de Genevieve quis se alterar, característica bem marcante dela, mas a juíza acreditou no padrinho da criança, que inclusive apresentou fotos do estado deprimente em que a menina se encontrava quando veio para a casa de seus filhos, porém, como ele era divorciado e não morava na mesma casa onde ficava a pequena, além de injúrias, calúnias e difamações que a própria irmã alegou contra ele para prejudicar o processo. Sendo assim, a juíza determinou que a menina ficasse em uma instituição de menores, até que a guarda definitiva fosse decidida.


domingo, 20 de junho de 2021

Genevieve 57

Ao retornar da escola, um lanchinho gostoso sempre estava pronto prá ela, pois os primos já haviam saído para irem à faculdade que era longe e eles precisavam pegar ônibus. Sua madrinha lhe esperava para tomar o lanche com ela, depois já ia lavar a louça, mas a madrinha deixava pequenas tarefas prá menina fazer, dizia sempre que criança tinha que estudar e brincar, como conhecia bem a estória de explorações da afilhada, permitia que fizesse coisas bem simples. Um dia acordou de manhã com muita dor de dente, então, uma de suas primas a levou ao posto de saúde que ficava próximo, chegando lá foi atendida de emergência, infelizmente por falta de cuidados, já que a menina nunca havia ido a um profissional, dois de seus dentes estavam condenados e precisariam ser extraídos, não tinham mais salvação. A menina lamentou muito, pois adorava seus dentes e perder dois deles era notícia muito ruim, porém, nada poderia ser feito. 

O dentista recomendou melhor higienização como passar fio dental, novidade prá ela, não conhecia esse tal de fio dental, o dentista percebendo a expressão de surpresa, deu uma amostra e explicou como usar, também ensinou a maneira correta de escovar os dentes, o que ela aprendeu e aplicava diariamente sempre que escova seus belos dentes alinhados, eram mesmo lindos os dentes daquela menina. Precisou ficar de repouso alguns dias e num desses dias, quando estava sozinha, chegou um homem com um documento destinado ao padrinho, que não estava e portanto, não tinha como receber tal documento. Quando ele chegou, imediatamente a afilhada lhe avisou sobre o documento e o homem ficou ressabiado, o que poderia ser? Bem, esperaria o homem voltar para saber do que se tratava tal documento. 


sexta-feira, 18 de junho de 2021

Genevieve 56

Finalmente, chegou o dia de voltar à escola, e lá estava nossa pequena, pronta, linda, perfumada, uniformizada, uma belezinha. Podia ir sozinha, porque era bem perto e assim, reiniciou suas aulas, onde ela absorvia apaixonadamente cada conhecimento novo. Era muito bom estudar e naquela escola não tinha as chatas perseguidoras, mas também não tinha sua querida amiga Adriana. Sentiu saudades daquela linda menina loura de olhos azuis. Teve uma constatação ao se lembrar de Adriana; seus anjos de guarda na maioria, os olhos eram azuis e ela amava essa cor, especialmente no olhar de pessoas de bom coração, era possível ver a pureza dos seres através desse tom de azul. 

Na escola estava tudo indo muito bem, Genevieve aprendia com facilidade e acompanhava bem a turma, apesar de ter iniciado em atraso, interagia, tinha novos colegas, era um prazer estudar, fazer educação física, ter tarefas, trabalhos, pesquisas, amava mesmo tudo isso e afirmava em sua mente que sempre estudaria. Tudo o que pudesse aprender e estivesse ao seu alcance, aprenderia e depois como vó Ana lhe ensinou, compartilharia tudo o que aprendesse com quem desejasse, com quem como ela, tivesse sede e paixão pelo conhecimento que deve ser compartilhado sempre. Quando fosse adulta, ela pensava, certamente seria um educadora de alguma forma.


Genevieve 55

Na casa da família do padrinho João, seus primos a receberam com muito carinho, a esperavam com um lanche bem gostoso e já na entrada, mostraram onde ficava a escola que ela frequentaria, era na outra quadra e Genevieve vibrou em poder retornar à escola, sua grande paixão. Depois do lanche, suas primas a levaram ao banheiro para um delicioso banho, lavando carinhosamente seus cabelos que estavam emaranhados e ressecados, pois só usava sabão. Elas usavam shampoo especial, depois condicionador e até máscara, os cabelos ficaram uma seda e voltaram a formar lindos cachos como quando era menor.

A mãe das primas que era também sua madrinha que se chamava Eni, era exímia costureira de uma boutique chique no centro da cidade e quando soube da vinda da afilhada, fez algumas roupas, as quais servira perfeitamente, a prima mais nova, tinha alguns calçados que serviram como luvas nos pezinhos daquela menina que sofrera tantos maus tratos, físicos, emocionais, mentais. Mas estava ali com sua família, seus primos, sua madrinha e seu amado padrinho e anjo da guarda, que vinha diariamente ver os filhos e a afilhada, tinha um relacionamento saudável e tranquilo com a ex-mulher, se tratavam com respeito e educação, como bons amigos.


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