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domingo, 27 de junho de 2021

Genevieve 64

O horário para uma menina de 11 anos, levantar e limpar aquela casa enorme sozinha, quatro da manhã, sim quatro horas da manhã. Mas como acordaria nesse horário? Sempre pudera dormir até às 7h00 mesmo na casa da mãe que era ruim. Ficou preocupada em como acordaria e nem conseguiu dormir, ficou lendo um livro que achou no quartinho bonitinho. Na madrugada, ainda escuro a pequena estava pronta para realizar a sua lista enorme de serviços, o primeiro da lista era lavar a escadaria de mármore branca com palha de aço e sapólio, combinação que corria a ponta dos dedos, já que não podia e tinha luvas para usar. Ariou toda aquela escadaria que estava bem suja e foi dando sequencia à lista interminável, a hora do café da manhã não chegava nunca. Estava faminta! Quando finalmente pode sentar no cantinho da cozinha, de novo eram os restos que estavam reservados a ela. Nesse momento ela entendeu o significado de revolta, se revoltou com aquela senhora sovina e mesquinha, tinha tanto e oferecia tão pouco. 

Passaram alguns dias e nada de escola, então, educadamente perguntou à senhora sobre quando poderia ir à escola e recebeu uma resposta grosseira e estúpida, iria quando conseguisse concluir todo o serviço até o horário da escola. Como faria isso? Tinha que limpar a cozinha, lavar aquela quantidade absurda de louças depois do almoço, quando iria à escola, à noite? Até iria, mas a série que estava estudando não tinha nesse período. Desesperou-se, sentiu-se profundamente enganada. Estava farta de trabalhar como empregada sem ganhar nada, nem comida decente podia comer só os restos dos membros daquela família medíocre e covarde. 


Genevieve 63

Quando enfim terminou todo aquele trabalho e foi tomar um desejado café, numa mesinha no canto da cozinha, a senhora lhe mostrou o que poderia comer, ficou muito surpresa! Nada do que estava servido na grande mesa, estava ali disponível para ela, ao contrário, tinha pedaços de pães velhos e secos e nada para passar, café requentado, ela conhecia bem esse gosto porque tomava na casa de sua mãe e conhecia o café novinho, passadinho na hora, como era na casa de vó Ana e na casa dos primos e da madrinha, e ela amava esse café novinho, por outro lado, café requentado era horrível, tinha gosto de água suja e ela conhecia esse gosto, porque tomava no sítio algumas vezes. 

Nada tomou e nada comeu, a senhora percebendo que a menina era “enjoada”, avisou que se quisesse comer era aquilo ali, porque só teria comida no outro dia no café da manhã. Pensou: outra vez vão regular comida prá mim? Que horrível era isso! Na casa de su a mãe até entendia porque tinha pouco e as vezes, não tinha nada mesmo. Mas ali? Naquela mansão? Renegarem comida? Misericórdia! Comeu um pedaço de pão que já parecia ter sido mordido, sentiu nojo, pois pareciam restos. Essa situação a fez lembrar do sítio e dos restos que aquela empregada má deixava à ela e à dona Paulina. Era estranho como algumas coisas se repetiam na vida dela. Antes de dormir sua acolhedora a chamou e mostrou uma lista de tarefas que ela deveria realizar no dia seguinte, bem como, o horário que deveria acordar para dar conta de tudo, com tom sarcástico, falou que duvidava que ela conseguisse dar conta de todo o serviço. Foi esse olhar desconfiado que Genevieve percebeu quando foi medida dos pés à cabeça.


Genevieve 62

Logo a assistente social estacionou o carro na frente de uma bela casa no centro da cidade, com escadarias em mármore branco, enorme, parecia um palácio. Desceram do carro e a campanhia foi tocada, em seguida a porta da frente se abriu e uma senhora muito alegou surgiu, cumprimentando a mulher como se já se conhecessem. A menina foi apresentada à senhora que a mediu de cima em baixo, olhando-a com certo receio, naquele momento, esse olhar não foi compreendido, mas sim, foi um olhar de desconfiança. A assistente social foi embora e se despediu da menina friamente, apenas recomendando que se comportasse e obedecesse ou voltaria à Fucabem. Isso com certeza a pequena não queria, mas sentia que ali não ficaria muito tempo, sentia calafrios no corpo dentro daquela casa imensa, bem como, com o olhar gelado daquela senhora que a chamou para conhecer a casa e por último a levou até o pequeno quarto onde dormiria, era um quartinho pequeno, mas muito bonitinho. 

A senhora questionou sobre roupas, calçados, pertences pessoais e a menina mostrou a roupa que vestia e mais uma muda e um tênis que calçava. Reclamou de como ela ficaria sem roupas quentes no inverno que se aproximava. Era hora do café da tarde e uma mesa enorme estava posta, Genevieve achou sinceramente que seria convidada a sentar-se, mas não! Foi levada à cozinha e apresentada a uma enorme pia cheia de louças ainda do almoço, onde lhe foi ordenado que lavasse e organizasse tudo, depois tomaria café. Aquela sensação de aperto e sufoco no peito começava a fazer sentido. Lavou toda aquela louça, muitas panelas que precisavam ser ariadas com palha de aço, limpou fogão repleto de gordura, esfregou o chão que era claro e estava bem encardido de sujeira, parecia não ser limpo há tempos. 


quinta-feira, 24 de junho de 2021

Genevieve 61

Para não correr o risco de novamente perder suas coisas, pediu a madrinha para que ficassem guardadas em sua casa, acreditava que em breve voltaria... a mulher consentiu e lhe abraçou com força, prometendo que sempre estaria ali lhe esperando e quando voltasse, faria muitos outros vestidos lindos. Levou mais uma muda de roupas, além das que vestia. Como foi prometido que continuaria os estudos, em outra escola, levou seus materiais escolares. Em meio a tantas lágrimas, a menina sorriu e agradeceu, sabia que seria mesmo assim. Despediu de todos carinhosamente e do padrinho, ganhou um longo abraço, ele falou em seus ouvidos o quanto a amava, onde ele estivesse estaria pensando e emanando bons sentimentos e bons pensamentos a ela. Agradeceu e de novo, seu coração sentiu paz. Nesse momento, Genevieve entendeu o significado de Gratidão. 

A menina puxada pela mão pela assistente social chegou à instituição onde ficaria. Chamava Fucabem, era um lugar escuro, triste, feio, fétido, inóspito, meninas mal vestidas, jogadas pelos cantos, outras fumando, outras brigando, outras simplesmente desoladas  e desanimadaspor estarem ali abandonadas, ou pelos pais, ou pelos namorados, alguém as abandonou naquele lugar sem esperança e foi isso o que a assistente social pensou e disse: - Nesse lugar não tem como você ficar, vou te levar para uma casa de família. Lá poderá ir à escola e ser educada e bem tratada. Foi até a administração do lugar, preencheu alguns documentos, fez uma ligação telefônica e informou que levaria aquela menina a uma casa de acolhimento, ali não poderia ficar, pois se perderia como as que ali estavam. Genevieve não soube descrever a sensação que sentiu ante o fato de ir prá essa casa, mas foi uma sensação ruim, seu peito apertou e sempre que isso acontecia, era algo avisando que coisas ruins estavam por vir...


Genevieve 60

Todos prontos e lindos, foram à festa, se divertiram, riram, brincaram, comeram delícias, foi um dia marcante na vida daquela menina, que estava se tornando uma adulta, muito antes da hora. O padrinho sabia que não seria fácil para ela ficar na instituição, na verdade nem era lugar para uma menina como ela, a maioria das meninas que estava lá eram de rua, mães solteiras, usuárias de drogas, enfim, completamente diferentes de Genevieve que era doce, meiga e ingênua. Procurou novamente seu advogado para ver se poderia mudar a decisão da juíza e a menina aguardar o processo em sua casa, com seus filhos, mas nenhuma argumentação demoveu a decisão da jurista, infelizmente. Esse homem lamentou profundamente essa situação. Era um homem de fé, acredita no poder de Deus e entregou em suas mãos o destino da afilhada. Nos dias que se seguiram, procurou distrair e alegrar sua protegida para que sentisse menos os efeitos do que viria pela frente. 

No dia determinado pela justiça, a assistente social com cara de poucos amigos, chegou para buscar a menina. Assim que colocou os olhos nela, sentiu pena da criança e comentou com o homem, dizendo que para onde ela ia, certamente não era um bom lugar e que não compreendia essas decisões tão arbitrárias, mas como só cumpria ordens, estava ali para isso. Foi um momento muito sofrido para todos, Genevieve chorou copiosamente, seu coração doía demais e mal conseguia respirar, parecia que ia morrer de tanta tristeza, viu nos olhos dos primos, das primas, da madrinha, do padrinho e até da mulher que viera lhe buscar, a tristeza estampada claramente. Sentiu o amor e afeição daquelas pessoas e sentiu conformo, como se uma força estranha a envolvesse e a fortalecesse, sabendo que momentos difíceis, viriam mas passariam como todos os outros que vieram e se foram, tinha seus anjos, tinha Deus, tinha vó Ana que rezava por ela. 



terça-feira, 22 de junho de 2021

Genevieve 59

O irmão pode ver nos olhar frio de satisfação por ela não poder ficar onde estava feliz, estudando, sendo bem cuidada. Ele ficava assustado com a atitude dessa pobre mulher, sabia que colheria frutos podres e amargos, já que só plantava sementes ruins, maldade. Era uma mulher instruída, fora bem educada, seus pais cuidaram e amaram seus filhos igualmente, não entendia por quê ela era tão má com essa filha especialmente. Tantas vezes perguntou, mas ela desconversava e dizia apenas que odiava o pai dela. Nesse caso a menina, nada tinha a ver com a relação torpe deles. Ela sabia que aquele homem era problema e mesmo assim, se envolveu. 

Sentindo uma tristeza imensa, chegou em casa e informou a menina sobre a decisão ridícula da justiça de coloca-la num lugar estranho do que deixar com a família. Dentro de alguns dias, uma assistente social, viria busca-la. Nesses dias que ficaria ali, seu amado padrinho, tirou uns dias de folga do trabalho para dedicar à afilhada. Numa cidade próxima, tinha festa com muitas atrações e comidas típicas, danças e apresentações de artistas da região. Combinou com todos para participarem da tal festa, pediu a mãe de seus adoráveis filhos que fizesse um lindo vestido para sua pequena afilhada, o qual ela fez com todo seu amor e capricho, ficou lindo. O bom homem levou a menina a uma loja de calçados e pediu que escolhesse um para ir à festa e ela já demonstrando seu bom gosto, escolheu um que combinasse perfeitamente com seu vestido. Foi maravilhoso, sair fazer compras e poder escolher o que quisesse, esse padrinho era mesmo um anjo. Nesse momento ela entendeu o significado de satisfação. 


segunda-feira, 21 de junho de 2021

Genevieve 58

No outro dia o homem voltou e então o padrinho estava para receber e saber do que se tratava, e como não era surpresa para ele, era uma intimação sobre a guarda da afilhada. Sua irmã não queria cuidar e amar os filhos, mas sua ruindade era tamanha que quando alguém queria fazer isso, ela usava seus direitos de mãe e atrapalhava a vida deles, interferindo, se fazendo de vítima, de coitada, da pobre mãe que quer ficar com seus filhos. Seu irmão odiava essa faceta da irmã e prometeu que dessa vez seria diferente, lutaria pela afilhada que aprendera a amar como uma de suas filhas. Era uma menina doce, carinhosa, educada, inteligente, caprichosa, estudiosa, merecia um lugar onde fosse amada e respeitada.

O padrinho João entrou em contato com seu advogado, expôs e situação e no dia, hora e lugar marcados, lá estava o homem que cumpria suas obrigações como bom cidadão que era. Iniciada a audiência, ambas as partes foram ouvidas, a mãe de Genevieve quis se alterar, característica bem marcante dela, mas a juíza acreditou no padrinho da criança, que inclusive apresentou fotos do estado deprimente em que a menina se encontrava quando veio para a casa de seus filhos, porém, como ele era divorciado e não morava na mesma casa onde ficava a pequena, além de injúrias, calúnias e difamações que a própria irmã alegou contra ele para prejudicar o processo. Sendo assim, a juíza determinou que a menina ficasse em uma instituição de menores, até que a guarda definitiva fosse decidida.


domingo, 20 de junho de 2021

Genevieve 57

Ao retornar da escola, um lanchinho gostoso sempre estava pronto prá ela, pois os primos já haviam saído para irem à faculdade que era longe e eles precisavam pegar ônibus. Sua madrinha lhe esperava para tomar o lanche com ela, depois já ia lavar a louça, mas a madrinha deixava pequenas tarefas prá menina fazer, dizia sempre que criança tinha que estudar e brincar, como conhecia bem a estória de explorações da afilhada, permitia que fizesse coisas bem simples. Um dia acordou de manhã com muita dor de dente, então, uma de suas primas a levou ao posto de saúde que ficava próximo, chegando lá foi atendida de emergência, infelizmente por falta de cuidados, já que a menina nunca havia ido a um profissional, dois de seus dentes estavam condenados e precisariam ser extraídos, não tinham mais salvação. A menina lamentou muito, pois adorava seus dentes e perder dois deles era notícia muito ruim, porém, nada poderia ser feito. 

O dentista recomendou melhor higienização como passar fio dental, novidade prá ela, não conhecia esse tal de fio dental, o dentista percebendo a expressão de surpresa, deu uma amostra e explicou como usar, também ensinou a maneira correta de escovar os dentes, o que ela aprendeu e aplicava diariamente sempre que escova seus belos dentes alinhados, eram mesmo lindos os dentes daquela menina. Precisou ficar de repouso alguns dias e num desses dias, quando estava sozinha, chegou um homem com um documento destinado ao padrinho, que não estava e portanto, não tinha como receber tal documento. Quando ele chegou, imediatamente a afilhada lhe avisou sobre o documento e o homem ficou ressabiado, o que poderia ser? Bem, esperaria o homem voltar para saber do que se tratava tal documento. 


sexta-feira, 18 de junho de 2021

Genevieve 56

Finalmente, chegou o dia de voltar à escola, e lá estava nossa pequena, pronta, linda, perfumada, uniformizada, uma belezinha. Podia ir sozinha, porque era bem perto e assim, reiniciou suas aulas, onde ela absorvia apaixonadamente cada conhecimento novo. Era muito bom estudar e naquela escola não tinha as chatas perseguidoras, mas também não tinha sua querida amiga Adriana. Sentiu saudades daquela linda menina loura de olhos azuis. Teve uma constatação ao se lembrar de Adriana; seus anjos de guarda na maioria, os olhos eram azuis e ela amava essa cor, especialmente no olhar de pessoas de bom coração, era possível ver a pureza dos seres através desse tom de azul. 

Na escola estava tudo indo muito bem, Genevieve aprendia com facilidade e acompanhava bem a turma, apesar de ter iniciado em atraso, interagia, tinha novos colegas, era um prazer estudar, fazer educação física, ter tarefas, trabalhos, pesquisas, amava mesmo tudo isso e afirmava em sua mente que sempre estudaria. Tudo o que pudesse aprender e estivesse ao seu alcance, aprenderia e depois como vó Ana lhe ensinou, compartilharia tudo o que aprendesse com quem desejasse, com quem como ela, tivesse sede e paixão pelo conhecimento que deve ser compartilhado sempre. Quando fosse adulta, ela pensava, certamente seria um educadora de alguma forma.


Genevieve 55

Na casa da família do padrinho João, seus primos a receberam com muito carinho, a esperavam com um lanche bem gostoso e já na entrada, mostraram onde ficava a escola que ela frequentaria, era na outra quadra e Genevieve vibrou em poder retornar à escola, sua grande paixão. Depois do lanche, suas primas a levaram ao banheiro para um delicioso banho, lavando carinhosamente seus cabelos que estavam emaranhados e ressecados, pois só usava sabão. Elas usavam shampoo especial, depois condicionador e até máscara, os cabelos ficaram uma seda e voltaram a formar lindos cachos como quando era menor.

A mãe das primas que era também sua madrinha que se chamava Eni, era exímia costureira de uma boutique chique no centro da cidade e quando soube da vinda da afilhada, fez algumas roupas, as quais servira perfeitamente, a prima mais nova, tinha alguns calçados que serviram como luvas nos pezinhos daquela menina que sofrera tantos maus tratos, físicos, emocionais, mentais. Mas estava ali com sua família, seus primos, sua madrinha e seu amado padrinho e anjo da guarda, que vinha diariamente ver os filhos e a afilhada, tinha um relacionamento saudável e tranquilo com a ex-mulher, se tratavam com respeito e educação, como bons amigos.


quarta-feira, 16 de junho de 2021

Genevieve 54

O ano letivo iniciou e a mãe não cumpriu a promessa que fez ao irmão, não matriculou Genevieve na escola e quando ele veio tirar satisfações, argumentou que era a filha dela, não permitiria sua intromissão, que fosse cuidar de seus filhos, ofendendo ainda a moral de suas filhas, o que deixou o homem irado. Antes de sair prometeu a afilhada que a tiraria dali o mais rápido possível. Aquele irmão era o único que ainda apoiava aquela mulher que só podia ter algum transtorno, como podia brigar e afastar todo mundo? Ser áspera, grosseira, ácida com todos os que tentavam se aproximar, era infeliz, precisava de ajuda, mas não se permitia, parecia que preferia viver naquela vida medíocre e pobre de tudo.

Alguns dias depois, o padrinho voltou com uma ordem judicial, autorizando a levar a menina que ficaria sob sua responsabilidade e ficaria na casa da família dele, até que um processo fosse instaurado para que tivesse a guarda definitiva. Rapidamente a menina jogou seus trapinhos e seus materiais escolares, dentro de um saco de papel e correu para o lado de seu anjo protetor, ansiava por sair dali imediatamente. Queria sumir daquele lugar e esquecer para sempre aquela mulher má, lamentava pelos pequenos que ela judiava também, mas naquele momento nada podia fazer por eles, depois contaria ao padrinho que talvez pudesse ajuda-los também, afinal, ele era um anjo. 


terça-feira, 15 de junho de 2021

Genevieve 53

Passados alguns dias essa mesma mulher passou na frente da casa onde moravam e perguntou a mãe da pequena se tinha gostado da carne que ela havia mandado, respondeu que não recebeu carne nenhuma e mulher reafirmou que mandou pela menina no sábado, dia do casamento de sua filha. A pessoa que já era ruim, virou o próprio demônio, entrou gritando com a menina que estava ariando o chão com palha de aço, já com os dedinhos sangrando pelo esforço que fazia para limpar aquele chão que devia estar branco de acordo com a loucura da mulher. A menina argumentou que a carne era para ela, em nenhum momento a mulher disse que era prá mãe, ela jogou ao cachorro, porque estava ruim. Nesse momento a mulher deu um chute tão forte no rosto de Genevieve que ela desmaiou. O sangue escorreu na parte debaixo da casa de madeira onde moravam outras pessoas, as quais vieram apavoradas ver o que teria acontecido, sabiam que ali moravam pessoas agressivas. A mulher disse que não era nada e os mandou embora.

Jogou água fria no rosto da menina que quase se afogou com tanto sangue que saia de seu nariz que simplesmente foi quebrado pela estúpida própria mãe por conta de um mísero pedaço de carne mau passada que a menina entendeu que era prá ela. Além de machucar seriamente a menina, não se deu ao trabalho de prestar socorro, leva-la a uma farmácia ou a um pronto socorro, enfim, cuidar de um ferimento grave. Não o fez porque de fato não se importava com a saúde e o bem estar da filha ou porque sabia que teria que se explicar com alguém e isso ela não faria mesmo. Nesse momento a pequena sonhadora que desiludia a cada dia, entendeu o significado de estupidez. Impressionante onde pode chegar o nível de loucura de uma pessoa desequilibrada. Nem é necessário descrever o quanto o desprezo da pequena aumentou pela mulher, que a esse ponto, já não considerava mais como mãe.


segunda-feira, 14 de junho de 2021

Genevieve 52

O padrasto voltou prá casa, mais calmo, até mesmo gentil com os pequenos, com a mulher e com a menina, ficou sem beber por vários dias, parecia estar satisfeito porque o menino que não era seu filho, havia ido embora. O irmão se foi e Genevieve ficou, temia que como o irmão não estava ali para ser espancado, o homem invocasse com ela, mas graças a Deus, nunca aconteceu. Ao contrário, defendia quando sua mãe batia nela, perguntava a mulher porque tinha ido buscar aquela filha, só para judiar? Quanto ao menino, sentia ódio por ele, o motivo? Loucura da mente dele, talvez.

Um casamento aconteceu na vizinhança e a mulher foi convidada, como o marido nunca estava em casa e justo naquele final de semana, sumiu novamente, ela não pode ir. Obviamente que ficou louca de raiva. Mandou Genevieve até a casa da irmã número um, buscar algo e coincidentemente, encontrou a mãe da noiva que a chamou e lhe deu um pedacinho de carne, como a menina não gostava muito de carne e aquele pedaço, estava mau passado e muito ruim, jogou para um cachorro que passava. Chegou em casa com a encomenda que foi buscar, mesmo estando sem falar com a filha, lhe pedia coisas, as vezes alimentos, as vezes remédios, até shampoos, sabonetes e pastas de dentes. Nada disse a respeito da carne.



domingo, 13 de junho de 2021

Genevieve 51

Os vizinhos ajudaram dentro do possível, cuidaram do ferimento, limparam e a colocara na cama, onde dormiu ou estava desmaiada, enfim, deu um descanso a todos até o outro dia pela manhã, quando chamou a menina pedindo café na cama. A menina levou, sem o menor carinho, unicamente por obrigação, infelizmente e nunca imaginou que isso pudesse acontecer, não tinha mais o mínimo sentimento por aquela mulher que a trouxe ao mundo. Sentia tristeza por isso, mas ela não merecia nenhum sentimento bom e Genevieve não desperdiçaria seu amor com quem não merecia.

O homem ficou sem aparecer em nada por vários dias e a mulher aproveitou para levar o irmão para ficar uns tempos com sua madrinha, que também era irmã da mãe. Pediu ajuda o irmão, que prontamente veio ajudar, levando o sobrinho até a casa da outra irmã, que já visada, esperava pelo sobrinho afilhado. Ali o menino seria bem tratado e com certeza iria à escola, mas iria precisar de tratamento psicológico, porque estava complexado, amedrontado ao extremo, não se podiam fazer movimentos perto dele que se encolhia com medo de apanhar de surpresa como acontecia quase que diariamente. É lamentável como se pode afetar o psicológico com atitudes agressivas, era deprimente o estado emocional daquele menino. 


sábado, 12 de junho de 2021

Genevieve 50

Como o humor da mãe nunca estava bom, a menina não se abalou com as grosserias costumeiras, foi cuidar de seus afazeres com seu coração mais feliz e tranquilo, havia um anjo de guarda a sua volta e Deus tinha atendido as suas preces, as suas orações, bem como as de Vó Ana, que sem saber onde estava sua menina, rezava e pedia por ela todas as noites. Pensava e se preocupava com o futuro dela e desejava que o melhor acontecesse, até mesmo, que alguém a trouxesse de volta, pois se soubesse onde a megera da mãe a escondia, ela mesma buscaria a menina que muita falta lhe fazia, era uma companhia muito agradável, divertida, alegrava o ambiente com suas conversas inteligentes.

O marido de sua mãe apareceu somente à noite, prá variar, bêbado e como sempre, pegou uma ripa no pátio e chamou o menino para apanhar, nesse momento a mulher se impôs e avisou que não permitiria mais que o filho apanhasse sem motivo. O homem ficou louco de vez, gritou, esmurrou a mulher, deixando-a caída no chão, sangrando e saiu correndo, se dando conta da besteira que fez. As crianças assustadas chamaram alguns vizinhos que ajudaram sem muita vontade, pois a mulher não era bem vista e nem, bem quista pela vizinhança, tinha má fama de ser caloteira fofoqueira e vulgar, comprava e não pagava, além de ser prepotente com todos.


Genevieve 49

O irmão tinha boas condições de vida, divorciado, seus filhos já eram adultos, tinha uma excelente profissão; era fiscal de obras da prefeitura, morava sozinho no centro da cidade de Lages em um belo apartamento. Vivia bem e tranquilo, assim como era a natureza do seu ser; boa e tranquila. Foi uma noite muito gostosa, comeram bem, riram a vontade, sentiram o carinho daquele tio amável que depois do jantar, chamou a irmã para uma conversa séria, ela sabia do que se tratava e tentou ser a vítima, mas com aquele que a conhecia muito bem, não funcionaria. Tratou de escutar tudo o que ele veio dizer e a fez prometer que trataria melhor os filhos números 3 e 4, Genvieve e o irmão meses mais novo. 

Tio João também exigiu que matriculasse os dois na escola imediatamente, pois as aulas logo iniciariam e eles não ficariam sem aulas, para tanto, trouxe materiais escolares para os dois. Antes de ir embora, já tarde da noite, o tio foi taxativo, se o menino fosse espancado mais uma vez pelo padrasto, ele mesmo faria a denúncia e o faria ir preso, pois lugar de cafajeste e covarde era na cadeia, disse o tio bem bravo. Felizmente o bebum não apareceu naquela noite, fato esse que deixou a mulher enlouquecida no dia seguinte, não admitia que o homem dela passasse a noite sem ela saber onde estava, temia ser traída por aquele ser, como se alguma mulher em sã consciência pudesse querer aquele traste. 


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Genevieve 48

A irmã mais velha de Genevieve cumpriu sua promessa e tomou as providências que prometeu à mãe. Numa noite, estavam todos quietos dentro de casa, quando alguém bateu a porta, o irmão número quatro foi atender e deu um grito de alegria. Era tio João! O amado tio João que trazia guloseimas e ia preparar uma deliciosa janta para todos, também veio conhecer a sobrinha que por acaso, era sua afilhada. A menina não sabia o que era afilhada, padrinho, ficou olhando aquele homem simpático, agradável, bonito, com lindos olhos azuis, dentes perfeitos a mostra num sorrisão acolhedor, poucos cabelos louros a volta da cabeça, bem vestido, bem cheiroso, nossa! Ele era lindo, parecia um anjo, com esse pensamento a menina teve um sobressalto, seria ele outro anjo na vida dela como disse vó Ana? Esse pensamento e deixou feliz e entregou-se num abraço carinhoso daquele homem que era seu padrinho. 

Um vislumbre de esperança acometeu a pequena estava magrinha, desnutrida, desassistida, sendo escrava da própria mãe, que infeliz estava sua vida! Queria poder contar tudo isso ao seu anjo, mas precisava ter cuidado, pois os olhos castanhos da mãe faiscavam de raiva pelo modo carinhoso que o irmão tratava os sobrinhos, todos igualmente, a ciumenta rancorosa se afastava como se repelindo naturalmente. Tio João, era o oposto da irmã, alegre, divertido, brincalhão, contava piadas, cantava, ensinava as crianças a falar corretamente, era um gentleman, um homem de fato. Trouxe às crianças biscoitos, chocolates, iogurtes e massa para fazer uma deliciosa macarronada, sabia que a irmã era sovina, egoísta e com certeza não comprava coisas de crianças e também porque o traste do marido dela, além de ganhar pouco, ainda gastava com cachaça, então, muitas vezes realmente a mulher não tinha condições de comprar coisas boas aos filhos, mas quando tinha e ele sempre lhe dava dinheiro, até descobrir através da sobrinha mais velha, que comprava só coisas pra ela, deixando os filhos de lado. 


quarta-feira, 9 de junho de 2021

Genevieve 47

Como se Genevieve tivesse culpa da briga dela com a filha mais velha, para se vingar, juntou as melhores roupas, calçados e brinquedos dela, chamando algumas vizinhas que ela queria puxar saco, porque lhe devia algo, distribuindo simplesmente os pertences da menina como se não tivessem uso, como se estivessem disponíveis. Lembrou-se do episódio semelhante ocorrido no sítio anos atrás, que quando chegou, a empregada teve a mesma atitude desprezível, distribuindo seus pertences. Aquilo tudo era seu, como aquela mulher horrível poderia fazer isso? Se colocou na frente e começou a juntar suas roupas, quando a mulher veio e lhe deu um ponta pé, jogando ela no chão na frente de todas aquelas pessoas que foram embora, levando as roupas, os calçados, os brinquedos, tudo o que Genevieve havia ganhado carinhosamente de pessoas que realmente a amavam. Naquele momento a criança deixou de ser inocente e compreendeu o significado de ódio. Odiou profundamente aquela mulher que infelizmente era sua mãe. 

A vida da menina se tornara um verdadeiro inferno, trabalhava de manhã à noite, sem descanso, muitas vezes, mulher amarga, mal amada, bagunçava ou sujava onde estava limpo e organizado, só prá ela ter que refazer. Comia mal, muitas vezes comiam antes e quando a menina ia comer, restava pouco e alguns alimentos, já nem tinha mais, sabia que a mulher fazia por maldade. À noite, o bebum chegava e as brigas eram horrendas, gritos, palavrões, ofensas, ambiente péssimo para quatro crianças que assistiam àquele horror, apavorados. Pensava em silêncio, porque não podia falar ou expressar nada, que a paranoica achava que tudo era dela, com ela, tinha mania de perseguição, mas pensava porque aquela mulher que detestava os filhos fez tantos? Que controvérsia! Que contradição! 


terça-feira, 8 de junho de 2021

Genevieve 46

A mãe de Genevieve tinha sete filhos e a maioria com pais diferentes, portanto, o que diziam sobre ela ser uma mulher de vida fácil, lamentavelmente era verdade. Isso causava vergonha na menina que pensava ter sido fruto de um relacionamento sadio, bonito, decente e envolvido por muito amor. Tinha duas filhas do primeiro relacionamento quando ainda era muito jovem. A mais velha morava próximo da casa da mãe e a irmã, em outra cidade e não tinham contatos, a mãe dizia que a odiava, naquele ponto, a filha número três que estava a conhecer a mãe ainda, pensava que aquela mulher sentia ódio facilmente, volta e meia, ouvia ela falar nesse sentimento que a menina felizmente ainda não conhecia. 

Essa irmã mais velha já tinha uma filhinha, muito graciosa por sinal e de vez em quando, vinha trazê-la para ver a avó que também não era gentil com a menina, sempre se fazendo de vítima, dizia estar cansada, doente, que era infeliz e numa dessas conversas, a filha lhe falou umas verdades, tais como: está cansada? Do quê? A pobre da menina que faz tudo sozinha e ainda judia dela. Doente? Claro, é ruim, gente ruim vive doente e infeliz mesmo. A mulher ficou enlouquecida com a filha e a expulsou de sua casa, antes de sair a moça falou que os filhos não tinham culpa e não pediram para nascer. Sobre o irmão que era espancado, ou o homem com quem ela era amasiada parava ou ela tomaria uma atitude drástica. E assim mais uma das poucas pessoas que tratavam em a menina e o irmão, se foi para não mais voltar. A mãe deles tinha esse poder, afastar definitivamente as pessoas. 



segunda-feira, 7 de junho de 2021

Genevieve 45

As maldades da mãe se tornavam constantes, desde que chegara nunca a mulher foi capaz de um único gesto de carinho, de atenção, de suavidade, tudo era na base da grosseira com ela e com o irmão que eram mais novos que Genevieve alguns meses, aquele que a mãe engravidou quando a deixou doente no hospital. O coitado do menino além de ser desprezado pelo homem era espancado quase que diariamente pelo padrasto que era alcoólatra, o cafajeste covarde e sempre que bebia, chegava em casa e quase matava o menino, batia nele com pedaços de pau, ferros, fios, artefatos que machucava mesmo. Estava sempre machucado e vivia pelos cantos tremendo de medo o infeliz, que inconscientemente se revoltava com aquele homem e aquela mãe. 

A irmã mais velha se compadecia por ele e discutia com a mãe que na opinião dela era quem deveria intervir e impedir quaisquer tipos de agressões contra seus filhos, porém, muitas vezes ela apanhava também, além de ser frequentemente ofendida moralmente por aquele homem feio, bêbado, nojento e desdentado. Genevieve pensava e se perguntava como a mãe, uma mulher bonita, charmosa, elegante, podia ter se casado ou se juntado, como falavam na época, ela não sabia o que eram ajuntados, com um homem como aquele, credo!!! 









domingo, 6 de junho de 2021

Genevieve 44

Estava compenetrada com seus pensamentos muito negativos, quando ouviu um homem gritando no portão, como ela não o conhecia, não atendeu. Então veio o padrasto irritado com os gritos e jogou a chave do carro ao homem, veio buscar o carro que tinha emprestado ao irmão para ir lhe buscar, mas parece que estava bravos um com o outro, pois se trataram com palavrões e agressividades. Aquilo tudo era muito complicado prá menina, estava acostumada com outro nível de ambiente, a única vez que ouvira vó Ana gritar foi quando mexeu no ovo de Páscoa de José. Ainda bem que logo poderia visitar a senhora e talvez até pedir para ficar lá novamente, não tinha gostado daquele ambiente feio, sujo, hostil.  

Os dias foram passando e Genevieve foi assumindo mais e mais responsabilidades, cuidava da casa, da comida, dos meninos, lavava as roupas de todos nas mãos, já que não tinha máquina. Enfim, era a empregada não remunerada de sua própria mãe que a travava muito mal, sempre reclamando e achando defeitos no que a menina fazia, chamava-a de burra, relaxada, idiota, entre outros “elogios” carinhosos. Um dia, depois de estar exausta de tanto trabalhar, a criança pediu a mãe, quando poderiam ir visitar vó Ana e a mulher deu uma gargalhada como se fosse uma bruxa má, disse que podia esquecer aquela velha intrometida, pois nunca mais a veria. A menina levou um choque, como assim? Tentou argumentar e levou uma bofetada no rosto, naquele momento percebeu que sua mãe era tudo o que falavam e muito mais, era mesmo uma pessoa má. Genevieve lamentou por durante tantos anos, tê-la idolatrada e a defendido, não merecia seu amor, seu respeito, seu carinho, sua obediência. Nesse momento entendeu o significado de decepção. 


sexta-feira, 4 de junho de 2021

Genevieve 43

Colocou uma roupinha mais simples, de ficar em casa e foi fazer o que lhe havia sido ordenado, aprendera com vó Ana a ser obediente. Já estava com saudades da senhora, do seu quarto, do seu roupeiro onde suas roupas ficam organizadas por cores, modelos, enfim, tudo devidamente no lugar, de sua cama confortável, cheirosa, com uma bela colcha que a avó tinha costurado especialmente prá ela. Mas ali, parecia que nem cama teria e suas coisas, ficariam dentro de sacos no chão, porque o único roupeiro que tinha, era usado pela mãe, o marido e os meninos e estava abarrotado de roupas, calçados, toalhas, uma grande confusão que Genevieve sentiu vontade de organizar imediatamente.

Enquanto lavava aquela louça que parecia estar ali há dias, porque até cheirava mal já, recordava tudo o que lhe foi dito sobre sua mãe, algumas coisas começavam a fazer sentido na sua cabeça, será que eram verdades tudo o que disseram? Não seria possível! Como poderia? Tentou afastar esses pensamentos de sua mente, mas eles teimavam em permanecer ali, atormentando.  Ao terminar de lavar a louça, panelas, limpar fogão, pia, mesa, armários, foi onde estava a mãe no quarto deitada, alegando que estava com dores de cabeça e que ela limpasse o chão, avisou ainda que se acostumasse, pois seriam suas obrigações. Tudo bem, ajudar fazia parte, tinha que colaborar e naquele dia, acreditou que precisou fazer tantos serviços porque a mulher estava doente. 


quinta-feira, 3 de junho de 2021

Genevieve 42

Desceram do carro e o homem, jogou as bolsas com os pertences da menina no chão com grosseria, como se fossem mesmo lixos, como havia dito antes. Vieram os meninos correndo, um bem louro e outro bem moreno, o pai era moreno também, mas o louro nem parecia ser filho daquele homem, além disso, era bem bonito, tinha belos traços. Achou isso estranho, mas foi abraçar seus irmãos, eram sua família e queria que aceitassem e gostassem dela. Sempre com esse pensamento; precisava ser aceita e amada, como se fosse algo difícil, algo obrigatório. Entrando em casa, a frustração foi aumentando, móveis velhos, desorganização, desordem total. 

A casa de madeira era pequena e bem velha, tinha dois quartos minúsculos, cozinha e uma área, o banheiro ficava lá fora. A pia estava cheia de louças e a mãe tão logo a filha guardou suas coisas onde foi lhe indicado, a mandou lavar e organizar toda aquela bagunça na cozinha. Começou a perceber que a mulher era ríspida e brusca, falava alto e seu tom de voz, era áspero, mas mesmo diante de tantas evidências, a inocente só via o lado bom na mãe, devia estar cansada, pensou. Detalhe: só ela via esse lado bom. Trocou de roupas, porque tinha colocado uma roupa nova para vir com a mãe, afinal, era um momento especial, talvez o momento mais importante de sua vida. 


quarta-feira, 2 de junho de 2021

Genevieve 41

Chegou o momento de abraçar aquela que a recebera de braços abertos com todo seu amor e carinho, que abriu as portas de sua  casa a uma estranha, que ofereceu o seu melhor, sem reservas, que a alimentou, curou suas feridas, seus machucados, que a disciplinou, educou, amou incondicionalmente, que lhe deu a oportunidade de aprender a ler, a escrever, a interpretar, enfim, aquela que ela amava mais do que tudo, sua avó para sempre. Enquanto se despediam, a senhora disse em seus ouvidos: Lembre-se sempre de rezar, ter fé, Deus está sempre com você e é maior do que tudo e todas as coisas. Ele vai te ouvir e te proteger mandando anjos para perto de você. Nunca esqueça que sempre vou te amar e rezar por você minha pequena. Esse foi o último momento com aquela senhora tão especial que surgiu no caminho de Genevieve, certamente outro anjo. 

Entraram no carro com o homem mau humorado e foram embora, a mãe disse que aquele era seu marido e deveria obedecer, o que a menina assentiu imediatamente, pois ela era de dar medo mesmo. Ainda estava com os véus da ilusão sob seus olhos e não percebia a maldade, a má intenção mãe em relação a ela, a energia negativa que estava na volta daquele casal que eram extremamente hostis um com o outro. Ela olhava, mas não enxergava! Chegaram numa, casa velha, num lugar feio, num pátio bagunçado, muito diferente do que ela poderia ter imaginado, ela não imaginou na verdade. Estava muito agitada e ansiosa para isso, mas certamente naquele lugar não imaginaria que aquela mulher elegante pudesse morar. Sentiu frustação! 


terça-feira, 1 de junho de 2021

Genevieve 40

Arrumaram todas as roupas, calçados, brinquedos, entre outros objetos da menina e voltaram a sala, onde a mulher aguardava impaciente, mandando que levasse tudo até o carro para irem logo, pois as crianças pequenas estavam em casa e precisavam dela. Enquanto a menina levava seus pertences até o carro, o homem moreno e sisudo não a ajudava, apenas disse com raiva que em sua casa, não tinha lugar para tanta porcaria. A menina ficou assustada, mas não respondeu. Nada era porcaria, eram suas coisas e todas ótimas. Nesse momento, Genevieve sentiu um aperto no peito, um mal estar horrível e sua intuição lhe avisava que momentos ruins a aguardavam. Precisaria rezar bastante e pedir ajuda ao seu anjo. Esse pensamento ficou constante em sua mente e o aperto no coração aumentava à medida que chegava o momento da despedida. 

Algumas pessoas vieram se despedir daquela pequena que aprenderam a amar, estavam tristes e desejaram que ela fosse feliz em sua nova vida, mas em seus olhos, a menina percebia que estavam tristes por ela e não entendia, estava indo embora com sua mãe, sua rainha, sua deusa, isso era tão maravilhoso. Porquê lhes era difícil compreender isso? Ninguém disse uma palavra apenas abraçaram e desejaram sorte a pequena que provavelmente nunca mais a veriam. Alguns vizinhos e parentes de vó Ana tinham conhecimento da índole da mãe dela e lamentavam mesmo por isso, aquela criança merecia uma vida melhor do que a esperava. 


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