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sexta-feira, 30 de abril de 2021

Genevieve 19

 

Haviam se passado quatro anos desde que Genevieve, foi para o sítio, não havia frequentado escola e Ana estava preocupada com isso, ela gostaria muito de cuidar, educar, contribuir com o crescimento daquela pequena, vê-la e tornar uma mulher, porém, sua condição financeira, sua vida atribulada e ser solteira, dificultam muito essa possibilidade, não teria tempo para dedicar aquela menina que precisava de amor, carinho, atenção, cuidados, precisava de uma família mesmo. Precisava encontrar uma que a adotasse e ficasse com ela até ser adulta e pudesse cuidar da própria vida. Entrou em contato com algumas pessoas conhecidas e soube de uma família que queria adotar uma menina, seu coração encheu-se de esperanças, arrumou a menina com algumas roupas que precisou comprar, porque há tempos vestia trapos.

Saíram com entusiasmo, chegando na residência da família, a mulher abriu a porta e deu um grito de horror, dizendo que a menina era feia, magra demais, cheia de feridas, que estava doente e ela não a queria, pois poderia morrer ali na casa dela e fechou a porta na cara das duas que ficaram atônitas com a atitude explosiva e estúpida da mulher. Ana desconversou, disse a menina que não se preocupasse que logo encontrariam um lugar maravilhoso para ela morar, com pessoas gentis e educadas e não como aquela mulher perturbada. Tentou distrair, desconversar, mas a situação de Genevieve era complicada, estava mesmo doente, desnutrida, cheia de furúnculos, com os cabelos secos e curtos, pois pegara piolhos no sítio e cortaram seus lindos castanhos cacheados de qualquer jeito, além de colocarem neocid, um pesticida fortíssimo na sua cabeça, o que deteriorou seus cabelos. Parecia mesmo um bichinho assustado a pobre menininha já com oito anos, mas parecia que tinha uns cinco ainda pelo tamanho.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Genevieve 18

 

Correu sim para um abraço, longo, apertado e um pedido de socorro desesperado, o qual a mulher entendeu perfeitamente. Aos poucos a criança se acalmou e iniciaram uma conversar, Ana perguntou o que havia acontecido, mas a criança tinha medo de contar, foi preciso fazê-la entender que o que ela contasse, seria o segredo entre elas. Não foi preciso muito, pois as marcas de surra com vara de marmelo, estavam bem evidentes em todo o corpinho magrinho. A enfermeira foi se indignando cada vez mais e quando Genevieve finalmente contou sobre o que fez com a boneca e prometeu que faria com ela, a indignação foi absurda, ficou estarrecida com atitude inescrupulosa do pai.

Sabia que precisava tirar aquela menina daquele lugar urgentemente. Voltaram prá dentro e o pai, quis se explicar com a filha, mas esta apenas lhe avisou que levaria a menina embora e que outra empregada seria contratada, uma que de fato cuidasse de sua mãe, não a maltratasse, não roubasse sua comida e que não dormisse ou se amassasse com seu marido, a que ali estava, poderia ir embora ainda naquela noite se preferisse, ela deu de ombros, prá ela tanto fazia, achava que tinha lugar prá ficar, estava certa que ficaria com o amante do sítio ao lado, coitada! Mal sabia ela que o homem havia mandado ele embora justamente por conta dos encontros deles no paiol de sua propriedade. Mas cada um com suas colheitas ou com suas consequências. Algum tempo depois, souberam que a mulher estava grávida, restava saber quem era o pai...

terça-feira, 27 de abril de 2021

Genevieve 17

Enquanto ela estava na beira do rio, um milagre aconteceu. Ana que só vinha ver os pais, especialmente a mãe, nos finais de semana, veio no meio da semana para surpresa de todos, horror de uns e outros. Perguntou pela menina, disseram que não sabiam e foi ter com a mãe. O Pai e a sem vergonha não queriam que ficassem sozinhas, perceberam que Ana estava diferente, desconfiava e justo nesse dia, o velho tinha ameaçado a criança. Tentaram intrigar a filha com a mãe, dizendo que não a ouvisse, que estava caducando, falando coisas sem nexo, mas Ana sabia quem eram cada um deles. Ana conversou com a mãe por um bom tempo, temia que sua intuição estivesse certa, e confirmou, sua mãe contou as maldades, as surras, a falta de alimentação e a única coisa que comia era lavagem dos porcos, que dormia no chão, que se lavava no rio gelado e que a arrastavam para assistir suas sacanagens e safadezas, mas nem a senhora ainda sabia do pior. 

Ana ficou horrorizada, ainda sem saber da ameaça também, mas não imaginava que o pai pudesse ser canalha, escroto e monstruoso a esse ponto. Sabia que se envolvia com a empregada, como se envolveu com todas as outras que vieram cuidar de sua mãe, que ficou paraplégica repentinamente. A senhora nunca contou de fato como ficara naquela situação, dizia apenas que caiu e bateu a coluna. A enfermeira então foi atrás da menina no rio, o sol já estava se pondo quando a avistou, deitada sobre as pedrinhas, toda encolhida, tremendo de frio ou seria de medo, de pavor? Quando Ana se aproximou, ela deu um grito e quis correr, mas ouviu a voz conhecida e melodiosa que ela conhecia e confiava. 


segunda-feira, 26 de abril de 2021

Genevieve 16

 

Apanhava do velho seboso que arrancava a cinta das velhas calças e muitas vezes, as calças caiam e ficava de cirolão, ele era muito feio e engraçado, a menina tinha vontade de rir, mas se segurava, pois poderia apanhar ainda mais. Da empregada folgada e safada, apanhava com vara de marmelo, o que causava dores horríveis e deixava a pele da pequena, toda marcada e fora uma dessas marcas que entregara a malvada. Fora isso, corria perigo iminente e constante, pois o velho escroto, asqueroso e seboso, frequentemente ameaçava abusar da menina, caso contasse algo ou fizesse algo errado. Ela estremecia de horror!

Num dia enquanto os amantes faziam suas sacanagens, a pequena brincava com uma velha boneca que sobrara de seus pertences que havia ganhado de sua mãe Marina, quando o velho tirou a boneca bruscamente das mãos dela e mandou a menina ficar olhando prá ele, ver o que ele ia fazer e se preparar, pois faria nela a mesma coisa. Abriu as peninhas plásticas da bonequinha e esfregou seu membro nojento por entre elas. Enquanto a empregada se acabava de rir, a criança quase desmaiou de tanto medo, um frio lhe percorreu a espinha, o estômago doeu, o coração apertou, conhecia essas sensações, eram coisas muito ruins que iriam acontecer com ela. Saiu correndo em total desespero rumo rio. Chegando a margem do rio, instintivamente ajoelhou-se nas pedrinhas e olhando para o céu chorava copiosamente, implorando que seu anjo mais uma vez lhe protegesse e ficou ali por muito tempo, temendo voltar prá casa e encontrar aquele monstro e aquela coisa feia que havia colocado em sua bonequinha.

sábado, 24 de abril de 2021

Genevieve 15

 

Como a empregada desaparecia sempre que o amante velho saía, elas ficavam tranquilas, porque se ela desconfiasse que Genevieve pudesse ter algumas regalias com a senhora, certamente que castigaria a criança além de fazer intrigas e fofocas ao velho e aos filhos, os quais também as castigariam. Tratava-se de uma mulher má e perversa que tinha coragem de maltratar uma idosa paraplégica que não tinha como se defender e era desacreditada pelos seus, exceto por Ana, sua única filha que sabia que a mãe falava a verdade, os outros também, mas preferiam fazer de conta, deixar prá lá para não se envolverem muito menos se comprometerem.

Genevieve definhava a olhos vistos, estava raquítica já, por mais que comesse o que comia escondido, faltavam vitaminas e nutrientes e possivelmente, estaria com vermes e bactérias, devido a falta de higiene, nunca tomara nenhuma vacina, nunca fora levada à médicos, tampouco, dentistas, não tinha nenhuma assistência, muito menos, emocional, estava se tornando uma criança medrosa, distante, preferia ficar sozinha no mato com as plantas, com os animais, as vezes saia e não queria mais voltar.  Era tratada como um animal, dormindo em qualquer lugar, comendo qualquer coisa.  De manhã tinha dificuldades para levantar, se sentia fraca, cansada, sem disposição, mas se esforçava e levantava para fazer seus serviços ou apanharia muito e já estava exausta de apanhar.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Genevieve 14

 

Cegueira é uma das piores coisas na humanidade, fechar os olhos, deixar que os véus da ilusão tampem a visão, é um retrocesso, uma involução, especialmente quando isso acontece com a permissão do ser. Sabe o que está acontecendo, mas ignora. Numa dessas visitas de um desses filhos exploradores, um trouxe a mãe, um saquinho de pipocas doces, do qual a senhora gentilmente, deu à criança, alguns grãos e disse: Tome isso de Páscoa! A menina não entendeu, não sabia o que era, mas aceitou as pipocas e as comeu de muito bom grado. Foi assim que Genevieve soube o que era Páscoa. Significava guloseimas pelo jeito, gostou muito dela. 

Dona Paulina e a menina criaram laços de ternura e carinho e se ajudavam, sempre que o safado do marido ia a cidade fazer compras e nessas compras, sempre vinha um corte de vestido de presente à amante, digo, a empregada, a senhora deixava a pequena dormir no pelego dentro de casa, onde era mais quente e aconchegante, principalmente no inverno. Ela podia até dormir na cama, a senhora convidava, mas a cama era suja e cheirava mal, como a menina não queria magoar a idosa, alegava que podia fazer xixi na cama e era melhor dormir no chão, estava bom prá ela, muito melhor do que dormir na cozinha, que além de ser chão de barro, frio, era também perigoso, certa amanhã tinha uma cobra dormindo ao lado da criança que quase desmaiou de susto, pois tinha muito medo de cobras. Muito mesmo!!!

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Genevieve 13

 

Ela se banhava e fazia sua higiene pessoal sempre no rio, mesmo no inverno, quando a água muitas vezes estava congelante. Mas ela se banhava, queria estar sempre limpa e com seu sabonetinho, cheirosinha também. Não queria o cheiro seboso e nojento do velho e da empregada em sua pele. Pensando nisso, se esfregava cada vez mais. Impressionante como o cheiro daquele homem era ruim, não sabia explicar direito, mas era um misto de sebo com sujeira, com suor, com chulé, era mesmo uma coisa horrorosa e a empregava, cheirava a algo azedo e o hálito de ambos, era impossível de manter as narinas livres. Será que as pessoas não percebem quando cheiram mal?

O casal de idosos, proprietários do sítio, tinham outros filhos, um pior que o outro. Vinham ver os pais muito pouco e quando viam, na verdade vinham buscar o que era produzido; leite, ovos, queijos, doces de frutas, frutas, verduras, legumes, enfim, tudo o que podiam carregar, até os pães que estivessem prontos, carregavam tudo os inúteis. Quando a mãe reclamava dos maus tratos e negligência da empregada, criticavam e chamavam-na de implicante e desconversavam, como se não quisessem saber e se envolver, talvez até eles mesmos, se envolvessem com a fogosa empregada que estava sempre sorridente aos homens. Bem provável que soubessem dela e do pai. Prá eles, a empregada era a salvação, quem deles iria querer tomar conta de uma velha chata e inválida, assim se referiam a própria mãe.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Genevieve 12

O tempo passava e a menina apenas crescia em idade, porque em tamanho era difícil, considerando as circunstâncias de desnutrição, descuido, negligência com sua saúde física, emocional, mental, não tinha nenhuma assistência, nem mesmo higiênica, a pobrezinha se virava como podia e como sabia do que aprendera com sua amada mãe Marina, que lhe dava banho, cuidava de seus machucados e a educava conversando amorosamente com ela quando fazia algo errado, sentia seu amor, sua ternura, seu afeto porque essa mamãe se foi também? Mas um dia reencontraria sua mãe biológica, seu coração lhe dizia isso claramente.

Numa das visitas de Ana, a enfermeira que a levou para esse sítio nos Macacos, trouxe para Genevieve um presente, um pequeno sabonete perfumado de cor laranja e lhe explicou como deveria ser usado. Assim que possível, que teve tempo depois de cumprir com todas as suas obrigações intermináveis que a cada dia a empregada aumentava, correu até o rio para usufruir de seu presente, usava um pano de saco de farinha que ela mesma lavava e colocava para secar, pendurado num galho de árvore, próximo de sua banheira gigante e exclusiva, só ela usava aquela preciosidade gelada. 

terça-feira, 20 de abril de 2021

Genevieve 11

 

Enquanto Genevieve executava suas tarefas que a cada dia aumentavam e a senhora ficava sentada numa velha poltrona suja, a empregada que era bem safada e o velho seboso tinham encontros nada furtivos, se agarravam em qualquer lugar e não se importavam de serem vistos, além do escândalo que faziam com gargalhadas e bobagens que diziam um ao outro. Cenas bem repugnantes! Quando o velho ia a cidade fazer compras, a safada da empregada se encontrava com um homem que era empregado no sítio vizinho, muitas vezes, arrastava a menina junto para que avisasse caso chegasse alguém, especialmente o patrão.

A criança era forçada a ir junto, mas se entretinha com suas bonecas de palhas ou outros brinquedos e não prestava atenção no que faziam, porém, sentia nojo e asco daquilo, mesmo sem saber exatamente do que se tratava, mas pensava se precisavam se esconder, devia ser errado e ruim. Ouvia apenas as gargalhadas, os gritos, os gemidos e palavrões, aquela mulher safada tinha uma boca muito suja e falava palavras feias que Genevieve não as entendia direito, mas quando contava para Dona Paulina, esta lhe ensinava que nunca as deveria repetir por serem feias maldosas e nojentas. Da boca de uma criança inocente essas palavras jamais devem sair, frisava a boa senhora.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Genevieve 10

 

Certa vez, a chamaram para buscar uma chaleira de ferro bem pesada, cheia de água fervendo para matar um formigueiro, tudo ia bem quando a espuleta resolveu subir num tronco de árvore que estava caído pelo caminho e logicamente, o tronco rolou e a menina caiu com aquela chaleira de água fervente lhe escorrendo pelo corpo e obviamente, queimando-a. Havia por perto uma boa alma que gritou para trazerem correndo, claras de ovo. Passou nas regiões avermelhadas, onde tinham queimaduras e tão logo, a ardência foi passando e nenhuma cicatriz ficou no corpinho frágil da menina que aprendeu mais uma lição, mas também aprendeu um remédio; claras de ovos para queimaduras.

Nas suas aventuras pelo sítio, ora trabalhando, ora brincando, arrancou a unha do dedão do pé com a enxada e também aprendeu a colocar folha de tanchagem sobre o machucado para cicatrizar. Passando pelos parreirais, foi mexer com uma taturana e esta caiu sobre seu rosto rolando pelo corpo abaixo, causando queimação e dores horríveis, dessa vez, aguentou quieta, não tinha ninguém para aplicar nada que aliviasse aquela ardência. Gostava de comer mel dos favos e como fazia sempre, final da tarde, foi se alimentar com essa maravilha produzida pelas abençoadas abelhas e não percebeu que algumas estavam por ali, e quando estava se deliciando com aquele néctar divino, uma abelha lhe mordeu exatamente na pálpebra. Na hora sentiu apenas a picada, mas dias depois seu olho esquerdo fechou completamente, sem condições de enxergar. Ficou com cara de bolacha dizia a gentil senhora paraplégica.

sábado, 17 de abril de 2021

Genevieve 9

 

Sempre que tinha tempo, quando a empregada não a estava vigiando, porque ao invés de fazer seus serviços, perseguia e maltratava a menina e a pobre senhora, procurava mais frutas encontrando pés de laranjas, ameixas, amoras, figo, maçã, tinha muitas variedades dessas delícias. Aprendeu o caminho da roça e lá descobriu experimentando legumes, verduras, hortaliças e raízes, que poderia comer alguns sem precisar cozinha-los e se fartou, comia milho, alface, repolho, couve, tomate, pepino, até batatas. Mas comia com prazer, depois de lavar tudo bem lavado na beira do rio. Então, não se preocupou mais com comida, fazia de conta que comia a gororoba nojenta que lhe era oferecida, já que fazia isso no chiqueiro mesmo, ninguém via que ela despejava aos porcos e lhe pedia desculpas, pois sabia que eles também detestavam aquilo.

A vida no sítio tinha suas surpresas e a pequena até se divertia e aprontava travessuras como toda criança de sua idade. Subia em árvores, procurava ninhos de passarinho, os adorava, para ela, eram as coisinhas mais lindinhas que ela já havia visto. Um dia foi mexer num ninho de andorinha e sem querer, derrubou o ninho e os três ovinhos que estavam dentro, se quebraram. Ficou muito triste, chorou e por dias, se desculpava com qualquer passarinho que voasse perto dela, acreditava que era a mãe brava pelo que aconteceu aos seus futuros filhotinhos. Nunca mais ela mexeu nos ninhos, apenas observava-os de longe, bem longe. Brincava no rio, na chuva, corria atrás das galinhas, rolava dentro de tonéis pelas campinas, soltava pipa que ela mesma fazia com folhas secas, também se machucava.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Genevieve 8

 

Genevieve se lembrava daquela comida horrenda que por anos foi seu alimento principal, assim pensavam o velho seboso e a empregada que nem imaginavam que ela se deliciava com diversos alimentos que havia descoberto em suas aventuras pelo sítio, era muito curiosa e isso em alguns casos a ajudava e em outros a machucava. À noite enquanto se revirava num velho pelego no chão de terra batida da cozinha, onde ela dormia, onde era “seu quarto”, por conta da fome que era insuportável, pois naquele dia, não havia comido absolutamente nada, estava faminta e sua barriga doía muito, depois de muito custo, pegou no sono.

Enquanto dormia com a barriguinha doendo de fome, sonhou com muitas frutas saborosas, e no sonho, deliciava-se com essas maravilhas da natureza, parece que se de fato se alimentou, tanto que a dor na barriga passou e amanheceu o dia, levantou mais cedo que o de costume e lembrou de ter passado por uns pés de frutas há alguns dias, foi meio sem rumo, mas encontrou pés de goiaba e pêra, não pensou duas vezes, conseguiu subir no de goiaba e seu café da manhã, foi perfeito, comeu algumas frutas, desceu, foi até o rio, lavou suas mãozinhas e seu rosto e voltou cheia de disposição para seus afazeres que eram muitos. Daquele dia em diante, nunca mais sentiria fome e faria sim, refeição decente.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Genevieve 7

 

Naquela época, o sustento na sua maioria em lugares interioranos, era agricultura, criação de animais e a lida nas tarefas para manter a alimentação, a limpeza, o funcionamento era de todos, inclusive da criança de quatro anos que era obrigada a fazer tarefas de adultos, sem as mínimas condições ou roupas e calçados adequados. A criança cuidava da senhora deficiente, alimentava galinhas, porcos, vacas, cortava lenha, puxava a lenha cortada, limpava curral, chiqueiro, galinheiro, também lavava louças, limpava a cama da pobre senhora que fazia suas necessidades na cama. E tinha que fazer tudo o que lhe fosse ordenado, caso contrário, não ganhava comida, se é que podia chamar aquilo de comida.

A alimentação da criança de quatro anos era nada mais, nada menos que a mesma lavagem que os porcos eram alimentados, restos de alimentos velhos, colocados juntos num velho panelão e ali cozidos por pouco tempo, porque a empregada tinha preguiça de acompanhar o cozimento e só não passou essa tarefa à menina, porque era muito pequena, ainda não alcançava no fogão a lenha enorme, mas a fazia pôr lenha no fogo, muitas vezes no início a pobre se queimava até aprender sozinha como fazer sem se queimar. Quanto à comida, ela nem fazia questão de comer, sempre que comia sentia enjoos, sentia desconforto no abdômen. Depois de adulta, sempre que via abobrinha, que era a base da lavagem, sentia embrulho no estômago.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Genevieve 6

 

Ela não sabia como, nem porquê foi parar num sítio chamado Macacos no interior da cidade de Lages. Era tão pequena, ainda com quatro anos, mas recordava de ter chego com suas bagagens, e tinha muitas roupas e calçados, pois sua mãe Marina era caprichosa e cuidava muito bem de sua menininha. Mas, como um passe de mágica, a criança viu suas coisas sendo distribuídas às crianças da volta, deixando a menina simplesmente sem roupas, apenas com as que estavam em seu corpinho frágil. Ela não compreendia a situação, sabia que eram suas roupinhas, seus sapatinhos, então, porque todos lhes tiraram tudo sem nada lhe perguntar. Nesse momento a pequena entendeu o significado de maldade.

Nesse sítio, moravam três pessoas; um homem de idade bem obeso, uma senhora franzina e deficiente que se chamava Paulina e uma mulher morena bem grande, que era a responsável por cuidar da senhora doente. Quem levou a criança para esse lugar tão inadequado, foi uma enfermeira conhecida de outras pessoas que já conheciam a criança, ela era filha desse casal de idosos proprietários desse sítio. Certamente suas intenções eram as melhores e não sabia do que ocorria quando ela não estava por perto, nem com a mãe, tampouco com a menina.


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Genevieve 5

 

Provável que nesse momento nossa pequena notável começou sua batalha!

Através de uma enfermeira do hospital foi entregue à adoção e um casal que tinha dois filhos e moravam numa pequena cidade Santa Catarina em Trombudo Central adotou aquela pequena abandonada pela mãe, pois os filhos eram meninos e a mãe sonhava em ter uma menina. Genevieve conviveu com essa família até seus quatro anos de idade. Era pequena mas relembrava de momentos com aquela família, eram memórias felizes da casa próxima ao rio onde brincava, dos cachorros com os quais corria pelos pátios, dos garotos que eram maiores e do pai deles que era mais calado e da bela mulher que a permitiu chama-la de mãe Marina.

Infelizmente sua mãe Marina, da qual a pequena lembrava muito bem, pois era uma belíssima morena de longos e lindos cabelos negros, parecia uma índia, contraiu uma infecção generalizada e faleceu desenganada pelos médicos, foi o que a pequena ouvira. O marido que ficara viúvo, concluindo que não teria condições de criar uma menina junto com seus dois meninos, era uma responsabilidade da qual ele não estava pronto e talvez até nem quisesse, pois foi desejo de sua falecida esposa, adotar uma menina. Diante disso, entregou a pequenina para adoção novamente. 

domingo, 11 de abril de 2021

Genevieve 4

 

Família era o maior desejo de Genevieve, ser concebida num momento de puro e esplêndido amor, envolvido por romance, magia, paixão, prazer, respeito. Ela era a romântica típica dos livros. Desconhecia como foi gerada, torcia muito pelo amor de seus pais, ainda que proibido, mas também poderia ter sido apenas numa relação casual e inconsequente. Durante muitos anos sofreu com a possibilidade de ser fruto de um relacionamento destrutivo e prejudicial a um casamento, porque muitos casais permanecem juntos, mas depois de uma traição, o respeito e o amor são prejudicados, que magoou pessoas, que abalou as estruturas de família e o fato de ter sido abandonada pela mãe ainda um bebê doente num hospital, enquanto que já estava envolvida com outro homem, tanto era verdade que tinha um irmão com onze meses de diferença...


sábado, 10 de abril de 2021

Genevieve 3

 

Nossa pequena notável nasceu na década de setenta, quando o Brasil comemorava a conquista do tricampeonato mundial de futebol. Genevieve não era uma torcedora dessa modalidade esportiva, mas era patriota, amava seu país. Acreditava ter nascido num ano positivo, além do país estar num clima de energia positiva, de alegria, de descontração, de boas vibrações, também era muito mística e o número sete lhe era especial e mágico, considerando ainda que nasceu no dia 31 do mês de julho, mês sete.

Sobre as circunstancias do nascimento de Genevieve, quase nada se sabe porque ela tinha pouquíssimas memórias de sua infância, tampouco pessoas que lhe pudessem passar mais informações sobre essa época que não tinha recordações, nem mesmo fotos, nada mesmo. Fora separada de sua mãe biológica logo em seguida do seu nascimento, ainda bebê, de acordo com poucos relatos de alguns parentes ou conhecidos que já partiram para o plano astral. Os motivos dessa separação eram para ela desconhecidos, um mistério que certamente um dia iria desvendar.   

O que se sabe é que Genevieve nasceu de um relacionamento torpe, ou seja, de um caso entre um homem casado e uma mulher de vida um tanto quanto fácil. Essa informação foi passada a pequena criança por pessoas cruéis sem o mínimo de cuidado, o que a deixou por anos, perturbada, apesar de não ter certeza se essa informação era verdadeira. Essa situação a perturbou porque respeitava as regras, os bons costumes e acreditava que os filhos deveriam ser concebidos em relações amorosas, planejadas, da união de dois seres que nutrem amor um pelo outro e decidem compartilhar a vida juntos, constituindo assim a mais bela base que existe no mundo; a família.


sexta-feira, 9 de abril de 2021

Genevieve 2


Nada como um dia após o outro...

Era o que sempre dizia a pequena notável dessa história que tenho imenso orgulho em transcrever, pois trata-se de fato de uma mulher admirável, a qual vou chamar carinhosamente de Genevieve, nome que ela era apaixonada, acreditava em vidas passadas e que teria vivido no século XV ou XVI. Quando leu um romance belíssimo escrito por Zibia Gaspareto, uma de suas escritoras prediletas e a personagem principal assim se chamava: Genevieve. Imediatamente se identificou com esse nome. Dizia que remetia à Europa, castelos, côrte, requinte, delicadeza, nobreza...


quinta-feira, 8 de abril de 2021

Genevieve 1

                                                          Genevieve 

Este livro conta a história real de uma mulher que na infância, adolescência, juventude e ainda na vida adulta, viveu em meios com adversidades, dificuldades e abusos imagináveis e inimagináveis. Contrariando as expectativas desses meios, conseguiu ser uma mulher decente, forte, destemida, determinada conquistando seu espaço, sua independência, sua autonomia porque acreditou na sua força interna, na sua essência divina e manteve a sua luz própria sempre acesa, a qual iluminou os caminhos por onde ela deveria seguir para conquistar seus sonhos. E os conquistou, todos eles.

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