Ela se banhava e fazia sua
higiene pessoal sempre no rio, mesmo no inverno, quando a água muitas vezes
estava congelante. Mas ela se banhava, queria estar sempre limpa e com seu
sabonetinho, cheirosinha também. Não queria o cheiro seboso e nojento do velho
e da empregada em sua pele. Pensando nisso, se esfregava cada vez mais. Impressionante
como o cheiro daquele homem era ruim, não sabia explicar direito, mas era um
misto de sebo com sujeira, com suor, com chulé, era mesmo uma coisa horrorosa e
a empregava, cheirava a algo azedo e o hálito de ambos, era impossível de
manter as narinas livres. Será que as pessoas não percebem quando cheiram mal?
O casal de idosos,
proprietários do sítio, tinham outros filhos, um pior que o outro. Vinham ver
os pais muito pouco e quando viam, na verdade vinham buscar o que era
produzido; leite, ovos, queijos, doces de frutas, frutas, verduras, legumes,
enfim, tudo o que podiam carregar, até os pães que estivessem prontos,
carregavam tudo os inúteis. Quando a mãe reclamava dos maus tratos e
negligência da empregada, criticavam e chamavam-na de implicante e
desconversavam, como se não quisessem saber e se envolver, talvez até eles
mesmos, se envolvessem com a fogosa empregada que estava sempre sorridente aos
homens. Bem provável que soubessem dela e do pai. Prá eles, a empregada era a
salvação, quem deles iria querer tomar conta de uma velha chata e inválida,
assim se referiam a própria mãe.
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