Sempre que tinha tempo,
quando a empregada não a estava vigiando, porque ao invés de fazer seus
serviços, perseguia e maltratava a menina e a pobre senhora, procurava mais
frutas encontrando pés de laranjas, ameixas, amoras, figo, maçã, tinha muitas
variedades dessas delícias. Aprendeu o caminho da roça e lá descobriu
experimentando legumes, verduras, hortaliças e raízes, que poderia comer alguns
sem precisar cozinha-los e se fartou, comia milho, alface, repolho, couve,
tomate, pepino, até batatas. Mas comia com prazer, depois de lavar tudo bem
lavado na beira do rio. Então, não se preocupou mais com comida, fazia de conta
que comia a gororoba nojenta que lhe era oferecida, já que fazia isso no
chiqueiro mesmo, ninguém via que ela despejava aos porcos e lhe pedia
desculpas, pois sabia que eles também detestavam aquilo.
A vida no sítio tinha suas
surpresas e a pequena até se divertia e aprontava travessuras como toda criança
de sua idade. Subia em árvores, procurava ninhos de passarinho, os adorava,
para ela, eram as coisinhas mais lindinhas que ela já havia visto. Um dia foi
mexer num ninho de andorinha e sem querer, derrubou o ninho e os três ovinhos
que estavam dentro, se quebraram. Ficou muito triste, chorou e por dias, se
desculpava com qualquer passarinho que voasse perto dela, acreditava que era a
mãe brava pelo que aconteceu aos seus futuros filhotinhos. Nunca mais ela mexeu
nos ninhos, apenas observava-os de longe, bem longe. Brincava no rio, na chuva,
corria atrás das galinhas, rolava dentro de tonéis pelas campinas, soltava pipa
que ela mesma fazia com folhas secas, também se machucava.
Sem comentários:
Enviar um comentário