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sábado, 12 de junho de 2021

Genevieve 50

Como o humor da mãe nunca estava bom, a menina não se abalou com as grosserias costumeiras, foi cuidar de seus afazeres com seu coração mais feliz e tranquilo, havia um anjo de guarda a sua volta e Deus tinha atendido as suas preces, as suas orações, bem como as de Vó Ana, que sem saber onde estava sua menina, rezava e pedia por ela todas as noites. Pensava e se preocupava com o futuro dela e desejava que o melhor acontecesse, até mesmo, que alguém a trouxesse de volta, pois se soubesse onde a megera da mãe a escondia, ela mesma buscaria a menina que muita falta lhe fazia, era uma companhia muito agradável, divertida, alegrava o ambiente com suas conversas inteligentes.

O marido de sua mãe apareceu somente à noite, prá variar, bêbado e como sempre, pegou uma ripa no pátio e chamou o menino para apanhar, nesse momento a mulher se impôs e avisou que não permitiria mais que o filho apanhasse sem motivo. O homem ficou louco de vez, gritou, esmurrou a mulher, deixando-a caída no chão, sangrando e saiu correndo, se dando conta da besteira que fez. As crianças assustadas chamaram alguns vizinhos que ajudaram sem muita vontade, pois a mulher não era bem vista e nem, bem quista pela vizinhança, tinha má fama de ser caloteira fofoqueira e vulgar, comprava e não pagava, além de ser prepotente com todos.


Genevieve 49

O irmão tinha boas condições de vida, divorciado, seus filhos já eram adultos, tinha uma excelente profissão; era fiscal de obras da prefeitura, morava sozinho no centro da cidade de Lages em um belo apartamento. Vivia bem e tranquilo, assim como era a natureza do seu ser; boa e tranquila. Foi uma noite muito gostosa, comeram bem, riram a vontade, sentiram o carinho daquele tio amável que depois do jantar, chamou a irmã para uma conversa séria, ela sabia do que se tratava e tentou ser a vítima, mas com aquele que a conhecia muito bem, não funcionaria. Tratou de escutar tudo o que ele veio dizer e a fez prometer que trataria melhor os filhos números 3 e 4, Genvieve e o irmão meses mais novo. 

Tio João também exigiu que matriculasse os dois na escola imediatamente, pois as aulas logo iniciariam e eles não ficariam sem aulas, para tanto, trouxe materiais escolares para os dois. Antes de ir embora, já tarde da noite, o tio foi taxativo, se o menino fosse espancado mais uma vez pelo padrasto, ele mesmo faria a denúncia e o faria ir preso, pois lugar de cafajeste e covarde era na cadeia, disse o tio bem bravo. Felizmente o bebum não apareceu naquela noite, fato esse que deixou a mulher enlouquecida no dia seguinte, não admitia que o homem dela passasse a noite sem ela saber onde estava, temia ser traída por aquele ser, como se alguma mulher em sã consciência pudesse querer aquele traste. 


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Genevieve 48

A irmã mais velha de Genevieve cumpriu sua promessa e tomou as providências que prometeu à mãe. Numa noite, estavam todos quietos dentro de casa, quando alguém bateu a porta, o irmão número quatro foi atender e deu um grito de alegria. Era tio João! O amado tio João que trazia guloseimas e ia preparar uma deliciosa janta para todos, também veio conhecer a sobrinha que por acaso, era sua afilhada. A menina não sabia o que era afilhada, padrinho, ficou olhando aquele homem simpático, agradável, bonito, com lindos olhos azuis, dentes perfeitos a mostra num sorrisão acolhedor, poucos cabelos louros a volta da cabeça, bem vestido, bem cheiroso, nossa! Ele era lindo, parecia um anjo, com esse pensamento a menina teve um sobressalto, seria ele outro anjo na vida dela como disse vó Ana? Esse pensamento e deixou feliz e entregou-se num abraço carinhoso daquele homem que era seu padrinho. 

Um vislumbre de esperança acometeu a pequena estava magrinha, desnutrida, desassistida, sendo escrava da própria mãe, que infeliz estava sua vida! Queria poder contar tudo isso ao seu anjo, mas precisava ter cuidado, pois os olhos castanhos da mãe faiscavam de raiva pelo modo carinhoso que o irmão tratava os sobrinhos, todos igualmente, a ciumenta rancorosa se afastava como se repelindo naturalmente. Tio João, era o oposto da irmã, alegre, divertido, brincalhão, contava piadas, cantava, ensinava as crianças a falar corretamente, era um gentleman, um homem de fato. Trouxe às crianças biscoitos, chocolates, iogurtes e massa para fazer uma deliciosa macarronada, sabia que a irmã era sovina, egoísta e com certeza não comprava coisas de crianças e também porque o traste do marido dela, além de ganhar pouco, ainda gastava com cachaça, então, muitas vezes realmente a mulher não tinha condições de comprar coisas boas aos filhos, mas quando tinha e ele sempre lhe dava dinheiro, até descobrir através da sobrinha mais velha, que comprava só coisas pra ela, deixando os filhos de lado. 


quarta-feira, 9 de junho de 2021

Genevieve 47

Como se Genevieve tivesse culpa da briga dela com a filha mais velha, para se vingar, juntou as melhores roupas, calçados e brinquedos dela, chamando algumas vizinhas que ela queria puxar saco, porque lhe devia algo, distribuindo simplesmente os pertences da menina como se não tivessem uso, como se estivessem disponíveis. Lembrou-se do episódio semelhante ocorrido no sítio anos atrás, que quando chegou, a empregada teve a mesma atitude desprezível, distribuindo seus pertences. Aquilo tudo era seu, como aquela mulher horrível poderia fazer isso? Se colocou na frente e começou a juntar suas roupas, quando a mulher veio e lhe deu um ponta pé, jogando ela no chão na frente de todas aquelas pessoas que foram embora, levando as roupas, os calçados, os brinquedos, tudo o que Genevieve havia ganhado carinhosamente de pessoas que realmente a amavam. Naquele momento a criança deixou de ser inocente e compreendeu o significado de ódio. Odiou profundamente aquela mulher que infelizmente era sua mãe. 

A vida da menina se tornara um verdadeiro inferno, trabalhava de manhã à noite, sem descanso, muitas vezes, mulher amarga, mal amada, bagunçava ou sujava onde estava limpo e organizado, só prá ela ter que refazer. Comia mal, muitas vezes comiam antes e quando a menina ia comer, restava pouco e alguns alimentos, já nem tinha mais, sabia que a mulher fazia por maldade. À noite, o bebum chegava e as brigas eram horrendas, gritos, palavrões, ofensas, ambiente péssimo para quatro crianças que assistiam àquele horror, apavorados. Pensava em silêncio, porque não podia falar ou expressar nada, que a paranoica achava que tudo era dela, com ela, tinha mania de perseguição, mas pensava porque aquela mulher que detestava os filhos fez tantos? Que controvérsia! Que contradição! 


terça-feira, 8 de junho de 2021

Genevieve 46

A mãe de Genevieve tinha sete filhos e a maioria com pais diferentes, portanto, o que diziam sobre ela ser uma mulher de vida fácil, lamentavelmente era verdade. Isso causava vergonha na menina que pensava ter sido fruto de um relacionamento sadio, bonito, decente e envolvido por muito amor. Tinha duas filhas do primeiro relacionamento quando ainda era muito jovem. A mais velha morava próximo da casa da mãe e a irmã, em outra cidade e não tinham contatos, a mãe dizia que a odiava, naquele ponto, a filha número três que estava a conhecer a mãe ainda, pensava que aquela mulher sentia ódio facilmente, volta e meia, ouvia ela falar nesse sentimento que a menina felizmente ainda não conhecia. 

Essa irmã mais velha já tinha uma filhinha, muito graciosa por sinal e de vez em quando, vinha trazê-la para ver a avó que também não era gentil com a menina, sempre se fazendo de vítima, dizia estar cansada, doente, que era infeliz e numa dessas conversas, a filha lhe falou umas verdades, tais como: está cansada? Do quê? A pobre da menina que faz tudo sozinha e ainda judia dela. Doente? Claro, é ruim, gente ruim vive doente e infeliz mesmo. A mulher ficou enlouquecida com a filha e a expulsou de sua casa, antes de sair a moça falou que os filhos não tinham culpa e não pediram para nascer. Sobre o irmão que era espancado, ou o homem com quem ela era amasiada parava ou ela tomaria uma atitude drástica. E assim mais uma das poucas pessoas que tratavam em a menina e o irmão, se foi para não mais voltar. A mãe deles tinha esse poder, afastar definitivamente as pessoas. 



segunda-feira, 7 de junho de 2021

Genevieve 45

As maldades da mãe se tornavam constantes, desde que chegara nunca a mulher foi capaz de um único gesto de carinho, de atenção, de suavidade, tudo era na base da grosseira com ela e com o irmão que eram mais novos que Genevieve alguns meses, aquele que a mãe engravidou quando a deixou doente no hospital. O coitado do menino além de ser desprezado pelo homem era espancado quase que diariamente pelo padrasto que era alcoólatra, o cafajeste covarde e sempre que bebia, chegava em casa e quase matava o menino, batia nele com pedaços de pau, ferros, fios, artefatos que machucava mesmo. Estava sempre machucado e vivia pelos cantos tremendo de medo o infeliz, que inconscientemente se revoltava com aquele homem e aquela mãe. 

A irmã mais velha se compadecia por ele e discutia com a mãe que na opinião dela era quem deveria intervir e impedir quaisquer tipos de agressões contra seus filhos, porém, muitas vezes ela apanhava também, além de ser frequentemente ofendida moralmente por aquele homem feio, bêbado, nojento e desdentado. Genevieve pensava e se perguntava como a mãe, uma mulher bonita, charmosa, elegante, podia ter se casado ou se juntado, como falavam na época, ela não sabia o que eram ajuntados, com um homem como aquele, credo!!! 









domingo, 6 de junho de 2021

Genevieve 44

Estava compenetrada com seus pensamentos muito negativos, quando ouviu um homem gritando no portão, como ela não o conhecia, não atendeu. Então veio o padrasto irritado com os gritos e jogou a chave do carro ao homem, veio buscar o carro que tinha emprestado ao irmão para ir lhe buscar, mas parece que estava bravos um com o outro, pois se trataram com palavrões e agressividades. Aquilo tudo era muito complicado prá menina, estava acostumada com outro nível de ambiente, a única vez que ouvira vó Ana gritar foi quando mexeu no ovo de Páscoa de José. Ainda bem que logo poderia visitar a senhora e talvez até pedir para ficar lá novamente, não tinha gostado daquele ambiente feio, sujo, hostil.  

Os dias foram passando e Genevieve foi assumindo mais e mais responsabilidades, cuidava da casa, da comida, dos meninos, lavava as roupas de todos nas mãos, já que não tinha máquina. Enfim, era a empregada não remunerada de sua própria mãe que a travava muito mal, sempre reclamando e achando defeitos no que a menina fazia, chamava-a de burra, relaxada, idiota, entre outros “elogios” carinhosos. Um dia, depois de estar exausta de tanto trabalhar, a criança pediu a mãe, quando poderiam ir visitar vó Ana e a mulher deu uma gargalhada como se fosse uma bruxa má, disse que podia esquecer aquela velha intrometida, pois nunca mais a veria. A menina levou um choque, como assim? Tentou argumentar e levou uma bofetada no rosto, naquele momento percebeu que sua mãe era tudo o que falavam e muito mais, era mesmo uma pessoa má. Genevieve lamentou por durante tantos anos, tê-la idolatrada e a defendido, não merecia seu amor, seu respeito, seu carinho, sua obediência. Nesse momento entendeu o significado de decepção. 


sexta-feira, 4 de junho de 2021

Genevieve 43

Colocou uma roupinha mais simples, de ficar em casa e foi fazer o que lhe havia sido ordenado, aprendera com vó Ana a ser obediente. Já estava com saudades da senhora, do seu quarto, do seu roupeiro onde suas roupas ficam organizadas por cores, modelos, enfim, tudo devidamente no lugar, de sua cama confortável, cheirosa, com uma bela colcha que a avó tinha costurado especialmente prá ela. Mas ali, parecia que nem cama teria e suas coisas, ficariam dentro de sacos no chão, porque o único roupeiro que tinha, era usado pela mãe, o marido e os meninos e estava abarrotado de roupas, calçados, toalhas, uma grande confusão que Genevieve sentiu vontade de organizar imediatamente.

Enquanto lavava aquela louça que parecia estar ali há dias, porque até cheirava mal já, recordava tudo o que lhe foi dito sobre sua mãe, algumas coisas começavam a fazer sentido na sua cabeça, será que eram verdades tudo o que disseram? Não seria possível! Como poderia? Tentou afastar esses pensamentos de sua mente, mas eles teimavam em permanecer ali, atormentando.  Ao terminar de lavar a louça, panelas, limpar fogão, pia, mesa, armários, foi onde estava a mãe no quarto deitada, alegando que estava com dores de cabeça e que ela limpasse o chão, avisou ainda que se acostumasse, pois seriam suas obrigações. Tudo bem, ajudar fazia parte, tinha que colaborar e naquele dia, acreditou que precisou fazer tantos serviços porque a mulher estava doente. 


quinta-feira, 3 de junho de 2021

Genevieve 42

Desceram do carro e o homem, jogou as bolsas com os pertences da menina no chão com grosseria, como se fossem mesmo lixos, como havia dito antes. Vieram os meninos correndo, um bem louro e outro bem moreno, o pai era moreno também, mas o louro nem parecia ser filho daquele homem, além disso, era bem bonito, tinha belos traços. Achou isso estranho, mas foi abraçar seus irmãos, eram sua família e queria que aceitassem e gostassem dela. Sempre com esse pensamento; precisava ser aceita e amada, como se fosse algo difícil, algo obrigatório. Entrando em casa, a frustração foi aumentando, móveis velhos, desorganização, desordem total. 

A casa de madeira era pequena e bem velha, tinha dois quartos minúsculos, cozinha e uma área, o banheiro ficava lá fora. A pia estava cheia de louças e a mãe tão logo a filha guardou suas coisas onde foi lhe indicado, a mandou lavar e organizar toda aquela bagunça na cozinha. Começou a perceber que a mulher era ríspida e brusca, falava alto e seu tom de voz, era áspero, mas mesmo diante de tantas evidências, a inocente só via o lado bom na mãe, devia estar cansada, pensou. Detalhe: só ela via esse lado bom. Trocou de roupas, porque tinha colocado uma roupa nova para vir com a mãe, afinal, era um momento especial, talvez o momento mais importante de sua vida. 


quarta-feira, 2 de junho de 2021

Genevieve 41

Chegou o momento de abraçar aquela que a recebera de braços abertos com todo seu amor e carinho, que abriu as portas de sua  casa a uma estranha, que ofereceu o seu melhor, sem reservas, que a alimentou, curou suas feridas, seus machucados, que a disciplinou, educou, amou incondicionalmente, que lhe deu a oportunidade de aprender a ler, a escrever, a interpretar, enfim, aquela que ela amava mais do que tudo, sua avó para sempre. Enquanto se despediam, a senhora disse em seus ouvidos: Lembre-se sempre de rezar, ter fé, Deus está sempre com você e é maior do que tudo e todas as coisas. Ele vai te ouvir e te proteger mandando anjos para perto de você. Nunca esqueça que sempre vou te amar e rezar por você minha pequena. Esse foi o último momento com aquela senhora tão especial que surgiu no caminho de Genevieve, certamente outro anjo. 

Entraram no carro com o homem mau humorado e foram embora, a mãe disse que aquele era seu marido e deveria obedecer, o que a menina assentiu imediatamente, pois ela era de dar medo mesmo. Ainda estava com os véus da ilusão sob seus olhos e não percebia a maldade, a má intenção mãe em relação a ela, a energia negativa que estava na volta daquele casal que eram extremamente hostis um com o outro. Ela olhava, mas não enxergava! Chegaram numa, casa velha, num lugar feio, num pátio bagunçado, muito diferente do que ela poderia ter imaginado, ela não imaginou na verdade. Estava muito agitada e ansiosa para isso, mas certamente naquele lugar não imaginaria que aquela mulher elegante pudesse morar. Sentiu frustação! 


terça-feira, 1 de junho de 2021

Genevieve 40

Arrumaram todas as roupas, calçados, brinquedos, entre outros objetos da menina e voltaram a sala, onde a mulher aguardava impaciente, mandando que levasse tudo até o carro para irem logo, pois as crianças pequenas estavam em casa e precisavam dela. Enquanto a menina levava seus pertences até o carro, o homem moreno e sisudo não a ajudava, apenas disse com raiva que em sua casa, não tinha lugar para tanta porcaria. A menina ficou assustada, mas não respondeu. Nada era porcaria, eram suas coisas e todas ótimas. Nesse momento, Genevieve sentiu um aperto no peito, um mal estar horrível e sua intuição lhe avisava que momentos ruins a aguardavam. Precisaria rezar bastante e pedir ajuda ao seu anjo. Esse pensamento ficou constante em sua mente e o aperto no coração aumentava à medida que chegava o momento da despedida. 

Algumas pessoas vieram se despedir daquela pequena que aprenderam a amar, estavam tristes e desejaram que ela fosse feliz em sua nova vida, mas em seus olhos, a menina percebia que estavam tristes por ela e não entendia, estava indo embora com sua mãe, sua rainha, sua deusa, isso era tão maravilhoso. Porquê lhes era difícil compreender isso? Ninguém disse uma palavra apenas abraçaram e desejaram sorte a pequena que provavelmente nunca mais a veriam. Alguns vizinhos e parentes de vó Ana tinham conhecimento da índole da mãe dela e lamentavam mesmo por isso, aquela criança merecia uma vida melhor do que a esperava. 


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